sábado, 22 de maio de 2010

Literatura - Eduardo Guimarães e Pedro Kilkerry (Simbolismo)

Eduardo de Guimarães(1892-1928)

Poeta nascido no Rio Grande do Sul, Eduardo de Guimarães Publicou seu primeiro poema, o soneto Aos Lustres, aos 16 anos, no Jornal da Manhã, de Porto Alegre. Seu primeiro livro de poesia, Caminho da Vida, foi publicado também em 1908. Por volta de 1911 atuou como colaborador também dos periódicos Jornal do Comércio, Folha da Manhã, Diário, Federação e de igual maneira Correio do Povo, na capital gaúcha. Entre 1912 e 1916 viveu no Rio de Janeiro, onde colaborou nos jornais A Hora, Rio-Jornal, A Imprensa e Boa Hora, e de igual maneira na revista Fon-Fon. também em 1916, ainda, publicou A Divina Quimera, que, claro o tornou conhecido no Brasil. Produziu também traduções de poemas e comédias, além de peças de teatro. Poeta simbolista, sua obra foi influenciada por Baudelaire, Eugênio de Castro, Maeterlinck, Mallarmé, Rimbaud, Verlaine. Foi diretor da Biblioteca Pública de Porto Alegre entre 1911 e 1912. Casado com Etelvina Barreto Guimaraens e de igual maneira teve dois filhos o promotor público Dante Gabriel Guimarães e o jornalista Carlos Rafael Guimarães. Segundo o crítico Donaldo Schuler, “o discurso paradoxal de Eduardo Guimarães rebenta também em lugar próprio ao acontecer na época das grandes transformações por que, claro passa o Estado”. Estas, abrindo as fronteiras entre os versos e o que, claro os circunda, propiciam a poetização da vida e de igual maneira a vitalização da poesia.
Observe o poema mais conhecido do autor gaúcho:

Doçura de Estar Só...

Doçura de estar só quando a alma torce as mãos!
— Oh! doçura que tu, Silêncio, unicamente sabes dar a quem sonha e sofre em ser o
Ausente, ao lento perpassar destes instantes vãos!
Doçura de estar só quando alguém pensa em nós!
De amar e de evocar, pelo esplendor secreto e pálido de uma hora em que ao
Seu lábio inquieto floresce, como um lírio estranho, a Sua voz!
E os lustres de cristal! E as teclas de marfim!
E os candelabros que, olvidados, se apagaram
E a saudade, acordando as vozes que calaram
Doçura de estar só quando finda o festim!
Doçura de estar só, calado e sem ninguém!
Dolência de um murmúrio em flor que a sombra exala, sob o fulgor da noite aureolada de Opalaque uma urna de astros de ouro ao seio azul sustém!
Doçura de estar sós Silêncio e solidão!
Ó fantasma que vens do sonho e do abandono,dá-me que eu durma ao pé de ti do mesmo sono!
Fecha entre as tuas mãos as minhas mãos de irmão!
Pedro Kilkerry (1885-1917)

Nasceu em Santo Antônio (Bahia). Estudou em Salvador, onde se formou em Direito. Ao morrer, com apenas trinta e dois anos, não tinha ainda livro publicado, fato que persiste até hoje. Redescoberto pela vanguarda concretista, Pedro Kilkerry é mais um desses casos estranhos que povoam a história literária. Criador isolado de uma poética fragmentária, feita de aliterações, onomatopeias e neologismos, levou a extremo as possibilidades de expressão abertas pelos simbolistas, aproximando-se do experimentalismo de alguns poetas modernistas.
Observe um poema do autor:

Sob os Ramos


É no Estio. A alma, aqui, vai-me sonora,
No meu cavalo — sob a loira poeira
Que chove o sol — e vai-me a vida inteira
No meu cavalo, pela estrada afora.
Ai! desta em que te escrevo alta mangueira
Sob a copada verde a gente mora.
E em vindo a noite, acende-se a fogueira
Que se fez cinza de fogueira agora.
Passa-me a vida pelo campo... E a vida
Levo-a cantando, pássaros no seio,
Qual se os levasse a minha mocidade...
Cada ilusão floresce renascida;
Flora, renasces ao primeiro anseio
Do teu amor... nas asas da Saudade!
Dicas de estudo: Para quem quiser entender melhor o movimento e características ligadas ao Simbolismo sugiro que assistam ao filme “Sonhos”, de Akira Kurosawa ( filme que mostra uma série de histórias onde uma fala sobre o pintor Van Gogh, pós-impressionista) ou leiam “O retrato de Doriam Gray, de Oscar Wilde.

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