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domingo, 10 de julho de 2011

Literatura - Movimentos Literários (Resumo)

Abaixo uma síntese dos movimentos literários:

Quinhentismo (século XVI)
Representa a fase inicial da literatura brasileira, pois ocorreu no começo da colonização. Representante da Literatura Jesuíta ou de Catequese, destaca-se Padre José de Anchieta com seus poemas, autos, sermões cartas e hinos. O objetivo principal deste padre jesuíta, com sua produção literária, era catequizar os índios brasileiros. Nesta época, destaca-se ainda Pero Vaz de Caminha, o escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral. Através de suas cartas e seu diário, elaborou uma literatura de Informação ( de viagem ) sobre o Brasil. O objetivo de Caminha era informar o rei de Portugal sobre as características geográficas, vegetais e sociais da nova terra.

Barroco ( século XVII )
Essa época foi marcada pelas oposições e pelos conflitos espirituais. Esse contexto histórico acabou influenciando na produção literária, gerando o fenômeno do barroco. As obras são marcadas pela angústia e pela oposição entre o mundo material e o espiritual. Metáforas, antíteses e hipérboles são as figuras de linguagem mais usadas neste período. Podemos citar como principais representantes desta época: Bento Teixeira, autor de Prosopopéia; Gregório de Matos Guerra ( Boca do Inferno ), autor de várias poesias críticas e satíricas; e padre Antônio Vieira, autor de Sermão de Santo Antônio ou dos Peixes.


Neoclassicismo ou Arcadismo ( século XVIII )
O século XVIII é marcado pela ascensão da burguesia e de seus valores. Esse fato influenciou na produção da obras desta época. Enquanto as preocupações e conflitos do barroco são deixados de lado, entra em cena o objetivismo e a razão. A linguagem complexa é trocada por uma linguagem mais fácil. Os ideais de vida no campo são retomados ( fugere urbem = fuga das cidades ) e a vida bucólica passa a ser valorizada, assim como a idealização da natureza e da mulher amada. As principais obras desta época são: Obra Poética de Cláudio Manoel da Costa, O Uraguai de Basílio da Gama, Cartas Chilenas e Marília de Dirceu de Tomás Antonio Gonzaga, Caramuru de Frei José de Santa Rita Durão.


Romantismo ( século XIX )
A modernização ocorrida no Brasil, com a chegada da família real portuguesa em 1808, e a Independência do Brasil em 1822 são dois fatos históricos que influenciaram na literatura do período. Como características principais do romantismo, podemos citar : individualismo, nacionalismo, retomada dos fatos históricos importantes, idealização da mulher, espírito criativo e sonhador, valorização da liberdade e o uso de metáforas. As principais obras românticas que podemos citar : O Guarani de José de Alencar, Suspiros Poéticos e Saudades de Gonçalves de Magalhães, Espumas Flutuantes de Castro Alves, Primeiros Cantos de Gonçalves Dias. Outros importantes escritores e poetas do período: Casimiro de Abreu, Álvares de Azevedo, Junqueira Freire e Teixeira e Souza.

Realismo - Naturalismo ( segunda metade do século XIX )
Na segunda metade do século XIX, a literatura romântica entrou em declínio, juntos com seus ideais. Os escritores e poetas realistas começam a falar da realidade social e dos principais problemas e conflitos do ser humano. Como características desta fase, podemos citar : objetivismo, linguagem popular, trama psicológica, valorização de personagens inspirados na realidade, uso de cenas cotidianas, crítica social, visão irônica da realidade. O principal representante desta fase foi Machado de Assis com as obras : Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro e O Alienista. Podemos citar ainda como escritores realistas Aluisio de Azedo autor de O Mulato e O Cortiço e Raul Pompéia autor de O Ateneu.

Parnasianismo ( final do século XIX e início do século XX )
O parnasianismo buscou os temas clássicos, valorizando o rigor formal e a poesia descritiva. Os autores parnasianos usavam uma linguagem rebuscada, vocabulário culto, temas mitológicos e descrições detalhadas. Diziam que faziam a arte pela arte. Graças a esta postura foram chamados de criadores de uma literatura alienada, pois não retratavam os problemas sociais que ocorriam naquela época. Os principais autores parnasianos são: Olavo Bilac, Raimundo Correa, Alberto de Oliveira e Vicente de Carvalho.


Simbolismo ( fins do século XIX )
Esta fase literária inicia-se com a publicação de Missal e Broquéis de João da Cruz e Souza. Os poetas simbolistas usavam uma linguagem abstrata e sugestiva, enchendo suas obras de misticismo e religiosidade. Valorizavam muito os mistérios da morte e dos sonhos, carregando os textos de subjetivismo. Os principais representantes do simbolismo foram: Cruz e Souza e Alphonsus de Guimaraens.

Pré-Modernismo ( 1902 até 1922 )
Este período é marcado pela transição, pois o modernismo só começou em 1922 com a Semana de Arte Moderna. Está época é marcada pelo regionalismo, positivismo, busca dos valores tradicionais, linguagem coloquial e valorização dos problemas sociais. Os principais autores deste período são: Euclides da Cunha (autor de Os Sertões), Monteiro Lobato, Lima Barreto, autor de Triste Fim de Policarpo Quaresma e Augusto dos Anjos.

Modernismo ( 1922 a 1930 )
Este período começa com a Semana de Arte Moderna de 1922. As principais características da literatura modernista são : nacionalismo, temas do cotidiano (urbanos) , linguagem com humor, liberdade no uso de palavras e textos diretos. Principais escritores modernistas : Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Cassiano Ricardo, Alcântara Machado e Manuel Bandeira.

Neo-Realismo ( 1930 a 1945 )
Fase da literatura brasileira na qual os escritores retomam as críticas e as denúncias aos grandes problemas sociais do Brasil. Os assuntos místicos, religiosos e urbanos também são retomados. Destacam-se as seguintes obras : Vidas Secas de Graciliano Ramos, Fogo Morto de José Lins do Rego, O Quinze de Raquel de Queiróz e O País do Carnaval de Jorge Amado. Os principais poetas desta época são: Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade e Cecilia Meireles.


quinta-feira, 21 de abril de 2011

Literatura - Respostas do Quiz.


1 - Machado de Assis;
2 - "Vidas Secas" de Graciliano Ramos;
3 - "Os Sertões" de Euclides da Cunha;
4 - Bernardo Guimarães;
5 - Manuel Bandeira;
6 - Jorge Amado;
7 - "Grande Sertão: Veredas" - João Guimarães Rosa;
8 - Castro Alves;
9 - Segunda Geração Romântic;
10 -Érico Veríssimo;
11 -Zélia Gattai;
12 -"Gregório de Matos" e "Vinícius de Morais";
13 -Fernando Sabino;
14 -Manuel Bandeira;
15 -José de Alencar.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Literatura. Pré-Modernismo:


No início do século XX, muitos escritores naturalistas, parnasianistas, realistas e simbolistas seguiam compondo suas obras, todavia,surgiam novos escritores com uma maneira nova na escrita,tanto nos temas escolhidos como na forma de linguagem e estrutura dos textos, forma influenciada pelos escritores e artistas europeus.


O pré-modernismo não foi realmente um movimento literário,mas sim uma transição que veio a introduzir a literatura e a arte moderna no Brasil. A principal referência dessa transição foi a semana da arte moderna, realizada em 1922.



Características do Pré-Modernismo:


Apesar de ainda presos, de certa forma, pela poesia romancista, naturalista, realista e simbolista, podemos notar duas características fundamentais nos autores pré-modernistas, são elas o interesse em mostrar o que acontecia no Brasil, ou seja, a realidade brasileira e a forma com que escreviam quanto à linguagem, isto é, havia a busca por uma linguagem mais simples, coloquial, a fim de identificar uma literatura tipicamente brasileira. Vejamos a seguir essas características de forma mais aprofundada.


O interesse pela realidade brasileira:


Os autores realistas e naturalistas, como Machado de Assis e Aluísio Azevedo, narravam o dia a dia do homem universal, fosse brasileiro ou não; nos autores pré-modernistas havia a preocupação com o homem brasileiro, eram temalizados assuntos relacionados ao aspecto social do brasileiro e sua forma de levar a vida junto à reflexão da sociedade brasileira e sua conduta com o povo, é possível notar essa característica nas obras de Graça Aranha, assim como em Euclides da Cunha e Monteiro Lobato. Os autores buscavam narrar os fatos relacionados à vida dos brasileiros, exceto na obra de Augusto dos Anjos, que foge do interesse social pela vida social do povo de nosso país, podemos observar grande interesse com a vida meio a sociedade brasileira e com tudo que acontecia no Brasil.


A busca pela linguagem simples e coloquial:


Provocando muitas vezes a insatisfação de acadêmicos e poetas parnasianos, alguns autores do pré-modernismo procuraram utilizar uma forma de linguagem que se tornasse mais acessível aos brasileiros de qualquer classe. Escritores como Lima Barreto, que chegava a fugir das normas gramaticais da Língua, a fim de que pudesse ser entendido pelo maior número de leitores, com o objetivo de tornar a obra literária de algum modo ao alcance de qualquer um, podemos chamar isso de uma tentativa de popularização da arte literária.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Literatura - Realismo

Contexto Histórico:

“O Realismo é uma reação contra o Romantismo: o Romantismo era a apoteose do sentimento; - o Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos – para condenar o que houve de mau na nossa sociedade.” Eça de Queirós.
O Realismo surgiu para acabar com a fantasia literária e o subjetivismo do Romantismo, visava mostrar os acontecimentos do dia dia da sociedade, uma forma de aproximar o povo da Literatura, pois havia uma identificação do indivíduo com o enredo realista.A poesia do final da década de 1860 já anunciava o fim do Romantismo; Castro Alves, Sousândrade e Tobias Barreto faziam uma poesia romântica na forma e na expressão, mas os temas estavam voltados para uma realidade político-social.
No Brasil considera-se 1881 como o ano inaugural do Realismo. De fato, esse foi um ano fértil para a literatura brasileira, com a publicação de dois romances fundamentais, que modificaram o curso de nossas letras: Aluísio Azevedo publica O mulato, o primeiro romance naturalista do Brasil; Machado de Assis publica Memórias póstumas de Brás Cubas, o primeiro romance realista de nossa literatura.
O Realismo reflete as profundas transformações econômicas, políticas, sociais e culturais da Segunda metade do século XIX. A Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, entra numa nova fase, caracterizada pela utilização do aço, do petróleo e da eletricidade; ao mesmo tempo o avanço científico leva a novas descobertas nos campos da Física e da Química. O capitalismo se estrutura em moldes modernos, com o surgimento de grandes complexos industriais; por outro lado, a massa operária urbana avoluma-se, formando uma população marginalizada que não partilha dos benefícios gerados pelo progresso industrial mas, pelo contrário, é explorada e sujeita a condições subumanas de trabalho.

Esta nova sociedade serve de pano de fundo para uma nova interpretação da realidade, gerando teorias de variadas posturas ideológicas. Numa sequência cronológica temos o Positivismo de Auguste Comte, preocupado com o real-sensível, o fato, defendendo o cientificismo no pensamento filosófico e a conciliação da “ordem e progresso” (a expressão, utilizada na bandeira republicana do Brasil, é de inspiração contiana); o Socialismo Científico de Karl Marx e Friedrich Engels, a partir da publicação do Manifesto do Partido Comunista, em 1848, definindo o materialismo histórico (“o modo de produção da vida material condiciona o processo de vida social, político e intelectual em geral” – K. Marx) e a luta de classes; o Evolucionismo de Charles Darwin, a partir da publicação, em 1859, de A origem das espécies, livro em que ele expõe seus estudos sobre a evolução das espécies pelo processo de seleção natural, negando portanto a origem divina defendida pelo Cristianismo.

Características:

As características do Realismo estão intimamente ligadas ao momento histórico, refletindo, dessa forma, a postura do Positivismo, do Socialismo e do Evolucionismo, com todas as suas variantes. Assim é que o objetivismo aparece como negação do subjetivismo romântico e nos mostra o homem voltado para aquilo que está diante e fora dele, o não-eu; o personalismo cede terreno para o universalismo. O materialismo leva à negação do sentimentalismo e da metafísica.

O nacionalismo e a volta ao passado histórico são deixados de lado; o Realismo só se preocupa com o presente, o contemporâneo. As personagens são como pessoas reais, apresentam problemas psicológicos, a aparência física não relata somente belezas heroínas, como no Romantismo, ou seja, o Realismo mostra o dia a dia das ruas, assim como os fatos marcantes da época.

Resumo das Principais Obras realistas

Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) – Machado de Assis


Memória Póstumas de Brás Cubas, tem a história narrada por um "defunto-autor", que não tem mais a necessidade de mentir, já que deixou o mundo e seus sonhos. O narrador personagem traz à tona toda a precariedade da condição humana, dentro de um exemplo muito irônico.


Dom Casmurro (1899) - Machado de Assis

Bentinho, chamado de Dom Casmurro por um rapaz de seu bairro, decide atar as duas pontas de sua vida. Morando com sua mãe ( D. Glória, viúva ), José Dias (o agregado), Tio Cosme e a prima Justina, Bentinho possuía uma vizinha que conviveu como "irmã-namorada" dele , Capitolina - a Capitu . Seu projeto de vida era claro, sua mãe havia feito uma promessa, em que Bentinho iria para um seminário e tornar-se-ia um padre. Cumprindo a promessa Bentinho vai para o seminário, mas sempre desejando sair, pois se tornando padre não poderia casar com Capitu. José Dias, que sempre foi contra ao namoro dos dois, é quem consegue retirar Bentinho do seminário, convencendo D. Glória que o jovem deveria ir estudar no exterior. Quando retorna dos estudos, Bentinho consegue casar com Capitu e desde os tempos de seminário havia fundamentado amizade com Escobar que agora estava casado e sempre foi o amigo íntimo do casal. Nasce o filho de Capitu, Ezequiel. Escobar, o amigo íntimo, falece e durante o seu velório Bentinho ele percebe que o seu filho era a cara de Escobar. Embora confiasse no amigo, que era casado e tinha até filha, o desespero de Bentinho é imenso. Vão para Europa e Bentinho depois de um tempo volta para o Brasil. Capitu escreve-lhe cartas.Pouco tempo depois, Ezequiel também morre, mas a única coisa que não morre no romance é BENTINHO E SUA DÚVIDA.


Quincas Borba (1891) – Machado de Assis

Quincas Borba o Homem, tinha sido muito pobre, e conseguiu fortuna. No final da vida mostrava um certo desequíbrio mental, e acabou morrendo durante uma viagem ao Rio de Janeiro, longe de Barbacena, sua terra natal. Deixou, ao viajar, o cão sob os cuidados de Rubião, irmão de uma noiva sua que falecera antes do casamento. Ao saber da noticia da morte do amigo, Rubião dá o cachorro Quincas Borba a uma vizinha. Mas é surpreendido pela leitura do testamento em que ele é declarado seu herdeiro, desde que ele zele pela saúde e segurança do cão. Rubião e o cachorro vão para o Rio de Janeiro. Ele pretende se apossar da herança e passar a morar na corte. No trem, contudo, conhece o casal SOFIA e Cristiano PALHA e se encanta pela esposa do desconhecido, Travam amizade, e na capital, o casal oferece seus préstimos; Sofia o ajuda a encontrar e mobiliar uma casa, Palha se encarrega de arranjar um advogado para resolver suas questões legais.

O dinheiro sobe-lhe a cabeça. Passa a acreditar que ganhou real importância com ele, a ponto de poder pretender Sofia. Uma noite deixa suas intenções com Sofia claras. Ela conta tudo ao marido, que, sutilmente a faz ver as vantagens que podem tirar da situação. Mas Rubião concorda em se tornar sócio de Palha, com a mediação de um advogado arranjado por este. Índices de ascensão social do casal começam a aparecer, até que Cristiano rompe a sociedade, esfriando suas relações com Rubião. Rubião vai perdendo tudo o que tem. À medida que perde seu dinheiro, vai também perdendo sua sanidade. Tem surtos em que manifesta a certeza de ser Napoleão Bonaparte, ocasiões em que chama Sofia de Josefina. O golpe de misericórdia vem quando Palha e Sofia arrematam sua casa em leilão. Internam-no num hospício a pretexto de caridade. Ele só concorda em ir em companhia do cão. De lá fogem para Barbacena, onde ele se torna um mendigo louco, que dorme na porta da igreja, junto com o cão, e vive de esmolas. De vez em quanto, exclamava: “Ao vencedor, as batatas!”


Resumo das Principais obras Naturalistas

O Cortiço(1890) – Aluízio de Azevedo

João Romão, compra um estabelecimento comercial no subúrbio de Rio de Janeiro. Ao lado morava Bertoloza uma escrava fugida, que possuía uma quitanda e umas economias. Os dois se juntam e com o dinheiro de Bertoloza, João comprou algumas terras e aumentou sua propriedade. Para agradar Bertoleza, faz uma falsa carta de alforria. Depois de um tempo, João Romão compra mais terras e novas casas se vão amontoando na propriedade. A procura de casa é enorme, e João Romão, acaba construindo um cortiço. Ao lado vem morar o Senhor Miranda que não gosta de João Romão, nem gosta do cortiço perto de sua casa. No cortiço moram: Pombinha, que se desencaminha por culpa das más companhias; Rita Baiana, mulata que saía com Firmo; Jerônimo e sua mulher, e mais algumas pessoas.

Quase sempre tem festas no cortiço, se destacando nelas Rita Baiana como dançarina provocante e sensual, que faz Jerônimo se apaixonar. Enciumado, Firmo acaba brigando com Jerônimo e lhe da uma navalhada e foge. Naquela mesma rua, é construído outro cortiço. Os moradores do cortiço de João Romão chamam eles de "Cabeça-de-gato"; e recebem o apelido de "Carapicus". Firmo foi morar no "Cabeça-de-Gato", onde se tornou chefe. Jerônimo, arma uma emboscada para o Firmo e o mata a pauladas, e fuge com Rita Baiana. Querendo vingar a morte de Firmo, os moradores do "Cabeça-de-gato" brigam com os "Carapicus". Mas um incêndio no cortiço de João Romão põe fim à briga coletiva. João Romão, agora endinheirado, reconstrói o cortiço e pretende se casar com Zulmira, filha do Miranda. E em logo os dois, por interesse, se tornam amigos e o casamento é coisa certa. Para se livrar de Bertoleza, João Romão manda um aviso aos antigos proprietários da escrava, denunciando ela. Pouco depois, aparece a polícia na casa de João Romão para levar Bertoleza aos seus antigos donos. A escrava suicida-se, cortando o ventre.

O Mulato (1881) - Aluísio de Azevedo

Este é considerado pela como o primeiro romance naturalista no Brasil, embora não seja uma autobiografia, nele está presente muito da vida do escritor.

Um empregado de origem portuguesa, João Dias primeiro caixeiro de seu patrão, tenta por todos os meios se casar com a filha deste, Ana Rosa, pois ficaria rico. A harmonia dos planos é quebrada pelo Dr. Raimundo, de origem duvidosa, filho de uma negra, mulato pela cor e aspectos do cabelo. Com reservas é aceito pela sociedade, mas quando pretende o amor de Ana Rosa, a sociedade o reprime. O vilão é o cônego Diogo que manobra com as armas da intriga, da chantagem e da manipulação para conseguir que o rival amoroso de Raimundo, João Dias, o assassinasse à traição, libertando a cidade de sua presença indesejada.


O Ateneu - Raul Pompéia

O Ateneu é uma das obras mais importantes do Realismo brasileiro. Trata-se de uma narrativa na primeira pessoa, em que o personagem Sérgio, já adulto conta sobre seu tempo de aluno interno no Colégio Ateneu. A ação do livro transcorre no internato, onde convivem crianças, adolescente, professores e empregados. O romance se inicia com o pai de Sérgio advertindo "Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu”. Dr. Aristarco é o diretor do colégio, que visava apenas o lucro. Tinha o sonho de ver um busto com a sua face. Sérgio vai narrando as decepções, os medos, as dúvidas, a rígida disciplina, as amizades, os acontecimentos em torno da própria sexualidade. O romance é um diário de um internato: as aulas, a sala de estudos, a diversão nos banhos de piscina, as leituras, o recreio, o que acontecia nos dormitórios, no refeitório as disputas. O mundo da escola é sempre visto e retratado a partir da perspectiva particular de Sérgio. Misturando alegria e tristezas, decepções e entusiasmos, Sérgio, pacientemente reconstrói, por meio da memória , a adolescência vivida e perdida entre as paredes do famoso internato. A obra acaba com o incêndio do Ateneu pelo estudante Américo. No incêndio o diretor fica perdido, estático com o que está acontecendo com seu patrimônio e naquele mesmo dia é abandonado pela esposa.

sábado, 14 de agosto de 2010

Literatura - Romantismo

O Romantismo foi causador de grande insatisfação por parte das mulheres brasileiras, haja vista a vida que levavam em comparação às heroínas literárias.
O Romantismo foi um movimento criado pela classe burguesa, em oposição à monarquia. Com a autoridade imposta pelos Reis a classe burguesa foi muito prejudicada, pois perdeu inúmeras posses devido ao fato dos Reis entregarem suas terras por motivos em benefício próprio ou políticos a pessoas de seus interesses. Isso explica o fato da negação do poder dos Reis meio as primeiras histórias românticas, aonde sempre um rei era desafiado em seu poder dito supremo.
Entre a segunda metade do século XVIII e primeiro do século XIX, com pequenas variações cronológicas de um país para outro, instala-se uma nova estética literária caracterizada basicamente por dois aspectos: a liberdade criadora do artista e a valorização de seu mundo pessoal, através do predomínio da emoção sobre a razão. Além de analisar estas duas características básicas, convém destacar, ainda, vários outros traços da obra romântica:


Anseio de liberdade criadora:
Opondo-se aos ideais clássicos, revividos pelo Arcadismo, o artista romântico nega o princípio de mimesis (imitação) e busca expressar sua realidade interior, sem se preocupar com a forma. Não segue modelos, abandona as rígidas regras de métrica e rima; busca exteriorizar livremente o que lhe vai à alma: liberta seu inconsciente, foge da realidade para um mundo por ele idealizado, de acordo com as suas próprias emoções e desejos. Este anseio de liberdade relaciona-se às teorias de liberdade econômica, visto que as realizações e empreendimentos da burguesia ascendente encontravam apoio no liberalismo. Assim, a arte literária, reflexo de sua época, busca também afirmar-se em sua busca da liberdade criadora.
Subjetivismo
:A realidade é vista através da atitude do escritor. Não existe a preocupação em fazer um retrato fiel e verídico da realidade, pois esta é oferecida ao leitor filtrada e mesmo distorcida pelas emoções do autor. O predomínio de verbos e pronomes possessivos em primeira pessoa ressalta o desejo de trazer à tona os sentimentos interiores, projetando-os sobre o mundo exterior.
Evasão ou escapismo
A queda dos regimes absolutistas e a ascensão da burguesia provocam, inicialmente, uma fase de euforia, em que se acredita que os ideais de Liberdade – Igualdade – Fraternidade, pregados pela Revolução Francesa, irão se concretizar. Cedo, porém, percebe-se que nem todas as classes sociais terão o direito de atingir esses ideais, pois a distância entre a burguesia capitalista industrial e o proletariado se aprofunda cada vez mais. Assim, desiludidos com seu próprio tempo e insatisfeitos com a realidade que os cerca, muitos autores românticos mergulham no chamado “mal do século”, postura de frustração e imobilismo em face da realidade. Descontentes com a época em que vivem, buscam formas de fugir dela, através de evasões:
_ no tempo: voltando em pensamento a época de sua infância, em que se sentiam protegidos pela figura da mãe ou da irmã ou, ainda, escrevendo textos ambientados na Idade Média, em que a figura heróica dos cavaleiros permite sonhar com grandes feitos e atos marcados pela honra e pela nobreza. É o caso da obra Eurico, o Presbítero, de Alexandre Herculano, por exemplo.
_ na morte: que é vista como solução para as tristezas e a insatisfação. Neste sentido, convém destacar a obra Werther, de Goethe, na qual a ideia de suicídio aparece com intensidade, mostrando-o como a única possibilidade de escapar do sofrimento a que o ser humano se expõe a cada dia.
Senso de Mistério
Sem conseguir adaptar-se a seu mundo, valorizando a morte como a única saída, o artista romântico sente atração por ambientes noturnos, misteriosos, como cemitérios, ruas desertas, etc.
Culto à natureza :
Influenciados pelas ideias de Rousseau, os românticos vêem na natureza um refúgio seguro para suas dores, visto que os vícios da civilização não chegam até ela.
Além disso, é importante lembrar que, no Arcadismo, a paisagem bucólica era utilizada como cenário para os amores do poeta, mais permanecia impassível, indiferente às emoções que ele sentia. No Romantismo, porém, a natureza compartilha o sofrimento do poeta, tornando-se reflexo de seu mundo interior. A natureza passa a ser uma extensão do eu do poeta, mostrando-se triste ou alegre como ele, dependendo de seu estado de espírito.
Reformismo
Insatisfeitos com seu mundo, o poeta propõe-se a mudá-lo, influenciado pelas correntes libertárias da época. Ansiando por grandes feitos que lhe tragam a glória, o poeta romântico dedica-se a causa sociais, como a abolição da escravatura, a república, etc.

Em oposição ao paganismo próprio do estilo de época anterior, os românticos cultivam a fé cristã e os ideais religiosos.

Idealização da mulher :
A mulher não é mais vista sob o prisma do platonismo. O artista romântico ressalta a figura da mulher angelical e inatingível para ele, que se julga indigno dela; além disso, a mulher surge como elemento capaz de alterar a vida do poeta, o qual, sem ela, só terá paz na morte.
A figura materna aparece em destaque, representando o abrigo para o sofrimento e a dolorosa lembrança de um “paraíso perdido”.
Vale lembrar que, no Romantismo, a sensualidade está presente nas descrições femininas, mas apenas em relação às mulheres por quem o poeta se apaixona e que são, muitas vezes, apresentadas como prostitutas. Assim, a figura feminina oscila entre a pureza e a ingenuidade de um anjo e a luxúria de uma prostituta.

No Brasil, o momento histórico em que ocorre o Romantismo tem que ser visto a partir das últimas produções árcades, caracterizadas pela satírica política de Gonzaga e Silva Alvarenga, bem como as ideias de autonomia comuns naquela época. Em 1808, com a chegada da corte, o Rio de Janeiro passa por um processo de urbanização, tornando-se um campo propício à divulgação das novas influências europeias; a Colônia caminhava no rumo da independência.

Após 1822, cresce no Brasil independente o sentimento de nacionalismo, busca-se o passado histórico, exalta-se a natureza da pátria; na realidade, características já cultivadas na Europa e que se encaixavam perfeitamente à necessidade brasileira de ofuscar profundas crises sociais, financeiras e econômicas. De 1823 a 1831, o Brasil viveu um período conturbado como reflexo do autoritarismo de D. Pedro I: a dissolução da Assembleia Constituinte; a Constituição outorgada; a Confederação do Equador; a luta pelo trono português contra seu irmão D. Miguel; a acusação de Ter mandado assassinar Líbero Badaró e, finalmente, a abdicação. Segue-se o período regencial e a maioridade prematura de Pedro II. É neste ambiente confuso e inseguro que surge o Romantismo brasileiro, carregado de lusa fobia e, principalmente, de nacionalismo.

Características :

Um dos fatos mais importantes do Romantismo foi a criação de um novo público, uma vez que a literatura torna-se mais popular, o que não acontecia com os estilos de época de características clássicas. Surge o romance, forma mais acessível de manifestação literária; o teatro ganha novo impulso, abandonando as formas clássicas. Com a formação dos primeiros cursos universitários em 1827 e com o liberalismo burguês, dois novos elementos da sociedade brasileira representam um mercado consumidor a ser atingido: o estudante e mulher. Com a vinda da família real, a imprensa passa a existir no Brasil e, com ela, os folhetins, que desempenharam importante papel no desenvolvimento no romance romântico.

No prefácio de Suspiros poéticos e saudades, Gonçalves de Magalhães nos dá uma ótima visão do que era o romantismo para um autor romântico:
“É um livro de poesias escritas segundo as impressões dos lugares; ora assentado entre as ruínas da antiga Roma, meditando sobre a sorte dos impérios; ora no cimo dos Alpes, a imaginação vagando no infinito como um átomo no espaço; ora na gótica catedral, admirando a grandeza de Deus, e os prodígios do cristianismo; ora entre os ciprestes que espalham sua sombra sobre os túmulos; ora enfim refletindo sobre a sorte da pátria, sobre as paixões dos homens, sobre o nada da vida. Poesias d’alma e do coração, e que só pela alma e pelo coração devem ser julgadas. Quanto à forma, isto é, a construção, por assim dizer, material das estrofes, nenhuma ordem seguimos; exprimindo as ideias como elas se apresentaram, para não destruir o acento da inspiração; além de que, a igualdade de versos, a regularidade das rimas, e a simetria das estrofes produzem tal monotonia, que jamais podem agradar.”

Realmente, Gonçalves de Magalhães define o Romantismo e suas características básicas sob dois aspectos: o de conteúdo e o de forma.

Quanto ao conteúdo, os românticos cultivavam o nacionalismo, que se manifestava na exaltação da natureza da pátria, no retorno ao passado histórico e na criação do herói nacional, no caso brasileiro, o índio (o nosso cavaleiro medieval). Da exaltação do passado histórico vem o culto à Idade Média, que, além de representar as glórias e tradições do passado, também assume o papel de negar os valores da Antiguidade Clássica. Da mesma forma, a natureza ora é a extensão da pátria ora é um prolongamento do próprio poeta e seu estado emocional, um refúgio à vida atribulada dos centros urbanos do século XIX.

Outra característica marcante no romantismo e verdadeiro “cartão de visita” de toda a escola foi o sentimentalismo, a valorização dos sentimentos, das emoções pessoais: é o mundo interior que conta o subjetivismo. E à medida que se volta para o eu, para o individualismo, o pessoalismo, perde-se a consciência do todo, do coletivo, do social. A constante valorização do eu gera o egocentrismo; os poetas românticos se colocavam como o centro do universo. É evidente que daí surge um choque da realidade e o seu mundo. A derrota inevitável do eu leva a um estado de frustração e tédio. Daí as seguidas e múltiplas fugas da realidade: o álcool, o ópio, as “casa de aluguel” (prostíbulos), a saudade da infância, a idealização da sociedade, do amor e da mulher. No entanto, essa fuga tem ida e volta, exceção feita à maior de todas as fugas românticas: a morte.

Já ao final do Romantismo brasileiro, a partir de 1860, as transformações econômicas, políticas e sociais levam a uma literatura mais próxima da realidade; a poesia reflete as grandes agitações, como a luta abolicionista, a Guerra do Paraguai, o ideal de República. É a decadência do regime monárquico e o aparecimento da poesia social de Castro Alves. No fundo, uma transição para o realismo.

Quanto ao aspecto formal, a literatura romântica se apresenta totalmente desvinculada dos padrões e normas estéticas do Classicismo. O verso livre, sem métrica e estrofação, e o verso branco, sem rima, caracterizam a poesia romântica.

O romantismo se inicia no Brasil 1836, quando Gonçalves de Magalhães publica na França a Niterói – Revista Brasiliense, e no mesmo ano lança um livro de poesias românticas intitulado Suspiros poéticos e saudades.

Em 1822, D. Pedro I concretiza um movimento que se fazia sentir, de forma mais imediata, desde 1808: a independência do Brasil. A partir desse momento, o novo país necessita inserir-se no modelo moderno, acompanhando as nações independentes da Europa e América. A imagem do português conquistador deveria ser varrida; há a necessidade de auto-afirmação da pátria que se formava. O ciclo da mineração havia dado condições para que as famílias mais abastadas mandassem seus filhos à Europa, em particular França e Inglaterra, onde buscam soluções para os problemas brasileiros, apesar de não possuir o Brasil a mesma formação social dos países industrializados da Europa, representada pelo binômio burguesia/ proletariado. A estrutura social brasileira ainda era marcada pelo binômio aristocracia/ escravo; o “ser burguês” era mais um estado de espírito, norma de comportamento, do que uma posição econômica e social.

É nesse contexto que encontramos Gonçalves de Magalhães viajando pela Europa. Em 1836, vivendo o momento francês, funda a revista Niterói, da qual circularam apenas dois números, em paris. Nela, publica o “Ensaio sobre a história da literatura brasileira” considerada o nosso primeiro manifesto romântico:

“Não, oh! Brasil! No meio do geral merecimento tu não deves ficar imóvel e tranquilo, como o colono sem ambição e sem esperança. O germe da civilização, depositado em seu seio pela Europa, não tem dado ainda todos os frutos que deveria dar, vícios radicais têm tolhido seu desenvolvimento. Tu afastaste do teu colo a mão estranha que te sufocava, respira livremente, respira e cultiva as ciências, as artes, as letras as indústrias e combate tudo o que entrevá-las pode.”

O ano de 1881 é considerado marco final do romantismo, quando são lançados os primeiros romances de tendência naturalista e realista (O mulato, de Aluísio Azevedo, e Memórias de Brás Cubas, de Machado de Assis), embora desde 1870 já ocorressem manifestações do pensamento realista na Escola de Recife, em movimento liderado por Tobias Barreto.

AS GERAÇÕES ROMÂNTICAS

Como vimos no início do capítulo, percebe-se nitidamente uma evolução no comportamento dos autores românticos; a comparação entre os primeiros e os últimos representantes dessa escola revela traços peculiares a cada fase, mas discrepantes entre si. No caso brasileiro, por exemplo, há uma distância considerável entre a poesia de Gonçalves Dias e a Castro Alves. Daí a necessidade de dividir o Romantismo em fases ou gerações. Assim é que no Romantismo brasileiro podemos reconhecer três gerações :

Primeira Geração – geração nacionalista ou indianista

Marcada pela exaltação da natureza, volta ao passado histórico, medievalismo, criação do herói nacional na figura do índio, de onde surgiu a denominação de geração indianista. O sentimentalismo e a religiosidade são outras características presentes. Entre os principais autores podemos destacar Gonçalves Dias, Gonçalves de Magalhães e Araújo Porto Alegre.


Canção do Exílio

“Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá,
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas tem mais flores,
Nossos bosques tem mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontre eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá,
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o sabiá.”

o amor

Se se morre de amor

´Se se morre de amor! - Não não se morre,
Quando é fascinação que nos surpreende
De ruidoso sarau entre os festejos;
Quando luzes, calor, orquestra e flores
Assomos de prazer nos raiam n’alma(...)

Simpáticas feições, cintura breve
Graciosa postura, porte airoso,
Uma fita, uma flor entre os cabelos,
Um quê mal definido, acaso podem
Num engano d’amor arrebatar-nos
Mas isso amor não é; isso é delírio,
Devaneio, ilusão que se esvanece
ao som final da orquestra, ao derradeiro
Clarão, que as luzes no morrer despedem:
Se outro nome lhe dão, se amor o chamam,
D’amor igual ninguém sucumbe à perda.

Amor é vida; é ter constantemente
Alma, sentidos, coração - abertos
Ao grande, ao belo; é ser capaz d’extremos
D’altas virtudes, té capaz de crimes!
Compreender o infinito
Compreender o infinito, a imensidade,
E a natureza e Deus; gostar dos campos,
D’as aves, flores, murmúrios solitários;
Buscar tristeza, a soledade, o ermo,
E ter o coração em riso e festa;
E à branda festa, ao riso da nossa alma
Fontes de pranto intercalar sem custo;
Conhecer o prazer e a desventura
No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto
O ditoso, o misérrimo dos entes:
Isso é amor, e desse amor se morre

Segunda Geração – geração do “mal do século”

Fortemente influenciada pela poesia de Lord Byron e Musset, é chamada, inclusive, de geração byroniana. Impregnada de egocentrismo, negativismo boêmio, pessimismo, dúvida, desilusão adolescente e tédio constante – característicos do ultra-romantismo, o verdadeiro -“mal do século”- seu tema preferido é a fuga da realidade, que se manifesta na idealização da infância, nas virgens sonhadas e na exaltação da morte. Os principais poetas dessa geração foram Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire e Fagundes Varela.

Terceira geração – geração condoreira

Caracterizada pela poesia social e libertária, reflete as lutas internas da Segunda metade do reinado de D. Pedro II. Essa geração sofreu intensamente a influencia de Victor Hugo e de sua poesia político-social, daí ser conhecida como geração hugoana. O termo condoreirismo é conseqüência do símbolo de liberdade adotado pelos jovens românticos: o condor, águia que habita o alto da cordilheira dos Andes. Seu principal representante foi Castro Alves, seguido por Tobias Barreto e Sousândrade.

ALGUNS DOS PRINCIPAIS AUTORES ROMÂNTICOS

Casimiro de Abreu

Poeta brasileiro, Casimiro José Marques de Abreu nasceu em São João da Barra, no estado do Rio, em quatro de janeiro de 1837. Poeta de grande inspiração, seus versos ainda hoje apreciados, lidos com admiração. “As Primaveras”, sua coletânea de poemas, ainda continua agradando ao grande público, e as edições sucedendo. Faleceu a 19 de outubro de 1860, com a idade de 23 anos.

José de Alencar

Foi bacharel em direito, jornalista, professor, crítico, teatrólogo e Poeta. Escreveu sobre o pseudônimo de IG, em 1856, as “Cartas sobre a Confederação dos Tamoios”. É considerado o fundador do romance brasileiro, já que no Brasil foi o primeiro a dar ao país um verdadeiro estilo literário. Sua obra está repleta de um nacionalismo vibrante, toda ela escrita numa tentativa de nacionalismo puro, numa temática nova, muito brasileira. Publicou :
“O Guarani”, “Iracema”, “Ubirajara”, “As Minas de Prata”, “O Garatuja”, “O Ermitão da Glória”, “Lucíola”, “A Pata da Gazela”, “O Gaúcho”, “O Tronco do Ipê”, “O Sertanejo” e muitos outros. Faleceu em 1877.

Castro Alves

Nasceu na Bahia, em 1847. É considerado um dos maiores poetas brasileiros. Em 1863, começou a participar da campanha abolicionista, escrevendo em um jornal acadêmico seus primeiros versos em defesa da abolição da escravatura: “A Canção do Africano”. Castro Alves participou ativamente das inquietações de espírito, da agitação poética e patriota e das lutas liberais que empolgavam sua geração. Em 1868 transferiu-se do Rio de Janeiro para São Paulo, onde continuou sua campanha abolicionista, declamando seus poemas antiescravista em praça pública. Foi acometido de tuberculose e um acidente ocorrido em uma caçada acabou por consumi-lo. Faleceu em 6 de junho de 1871. Deixou vasta bagagem literária, entre artigos, poesias, etc. “A Cachoeira de Paulo Afonso”, “A Revolução de Minas” ou “Gonzaga”, drama e o livro “Espumas Flutuantes”.

Álvares de Azevedo

Poeta brasileiro nascido em São Paulo, a 12 de setembro de 1831. “Lira dos Vinte Anos” é o título de sua obra principal, deixada inédita e publicada após a sua morte ocorrida em dez de março de 1852, no Rio de Janeiro. Escreveu ainda “A Noite na Taverna”, livro de contos, e mais “Conde Lopo”, um Drama, incompleto, aliás. Deixou também traduções e comentários críticos.

Gonçalves Dias

Poeta brasileiro, nasceu no estado do Maranhão, a 10 de agosto de 1823. Em 1840 foi estudar direito em Portugal, no Colégio de Artes, e foi lá que escreveu sua famosa “Canção do Exílio”. Já formado, embarcou para o Brasil, onde permaneceu muitos anos. Em 1847, lançou “Os Primeiros Cantos” e, 1848, “Os Segundos Cantos e Sextilhas de Frei Antão”. Em 1849, foi nomeado professor de latim e História do Brasil no Colégio Pedro II. Em 1851, foram publicados os “Últimos Cantos”. Em 1862, bastante enfermo, embarcou para Europa. Em 1864, voltando ao Brasil, faleceu em um naufrágio. Gonçalves Dias é o patrono da cadeira nº 15 da Academia Brasileira de Letras.

Joaquim Manuel Macedo

Romancista, poeta e jornalista brasileiro, nasceu em 1820 e faleceu no Rio de Janeiro em 1882. Pode ser considerado um dos pioneiros do romance no Brasil. Seu primeiro romance “A Moreninha”, lançado em 1844, até hoje é sucesso. Foi médico, professor, deputado da Assembléia Provincial e deputado federal. Escreveu também “O Forasteiro”, “O Moço Louro”, “Os Dois Amores”, “O Culto do Dever”, “A Namoradeira”, e outras obras. É patrono da cadeira nº 20 da Academia Brasileira de Letras.

Bernardo Guimarães

Jornalista, professor, crítico e poeta, nasceu em Ouro Preto, em 1825. Formado em Direito, viveu a atmosfera romântica da época. Estreou com um livro de versos “Contos da Solidão” em 1852, ao qual se seguiram “Poesias”, “Folhas de Outono” e “Novas Poesias”. Bernardo Guimarães foi um dos iniciadores do regionalismo romântico com a publicação de “O Ermitão de Muquém”, lançado em 1869. Abrangendo o tema da escravidão, escreveu “Escrava Isaura” e ainda “O Garimpeiro”, e “O Seminarista”. Morreu em 1884.

Romantismo – Prosa

Um índio
Um índio descerá
De uma estrela colorida e brilhante
De uma estrala que virá
Numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul na América num claro instante

Depois de exterminada a última nação indígena
E o espírito dos pássaros
Das fontes de água límpida
Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas tecnologias

Virá
Impávido que nem muhammad ali
Virá que eu vi
Apaixonadamente como peri
Virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee
Virá que eu vi
O aché do afoché filhos de ghandi
Virá

Um índio preservado
Em pleno corpo físico
Em todo sólido todo
Gás e todo líquido
Em átomos palavras cor em gesto em cheiro em sombra em luz em som magnífico
Num ponto eqüidistante
Entre o atlântico e o pacifico
Do objeto sim resplandecente
Descerá o índio
E as coisas que eu sei que ele dirá fará não sei dizer assim de um modo explícito

E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos não por ser exótico
Mas pelo fato de poder Ter sempre estado oculto quando terá sido o óbvio.

(Caetano Veloso)

O início da prosa literária brasileira ocorreu no Romantismo. Com o gradual desenvolvimento de algumas cidades, sobre tudo o Rio de Janeiro, a cidade da corte, formou-se um público composto basicamente de jovens da classe alta, cujo ócio permitia a leitura de romances e folhetins.

Esse público leitor buscava na literatura apenas distração. Torcia por suas personagens, sofria com as desilusões das heroínas e tranqüilizava-se com o inevitável final feliz. E, tão logo chegava ao fim, fechava o livro esquecia-o, esperando o próximo, que lhe oferecia praticamente as mesmas emoções. O público de hoje substituiu os romances e folhetins pelas telenovelas e fotonovelas, mas ainda continua em busca de distração, passando o tempo a torcer e chorar por seus heróis...

TENDÊNCIAS DO ROMANCE ROMÂNTICO

Romance urbano

É o que desenvolve tema ligado à vida social, principalmente do Rio de Janeiro. A variedade dos tipos humanos, os problemas sociais e morais decorrentes do desenvolvimento da cidade, tudo serviu de fonte para os nossos romancistas, dentre os quais se destacam: José de Alencar (Senhora ; Lucíola), Joaquim Manuel de Macedo (A Moreninha; O Moço Loiro) e Manuel Antônio de Almeida (Memórias de um sargento de milícias).

sábado, 10 de julho de 2010

Literatura - Parnasianismo:

O Parnasianismo surge a partir da segunda metade do séc. XIX, reagindo contra o sentimentalismo e a subjetividade romântica. Eles procuravam uma poesia mais cerebral, em que o belo deveria ser alcançado por meio de um trabalho meticuloso.
Origina-se de Parnasus, região montanhosa da Grécia. Segundo a lenda, ali moravam os poetas. Alguns críticos chegaram a considerar o Parnasianismo como uma espécie de Realismo na poesia. O autor Realista percebe a crise da “síntese burguesa”, já não acredita em valores da classe dominante, em compensação, o autor parnasiano mantém certa indiferença frente ai drama cotidiano, isolando-se numa “torre de marfim”, elaborando teorias de acordo com hedonismo, ou seja, preocupação com o prazer individual.

Características do Parnasianismo:


• Impessoalidade e objetividade: evitando fazer confissões pessoais, os poetas parnasianos procuravam fazer descrições objetivas de cenas e coisas, numa poesia pictórica, retratista, contrária a idealização romântica. Vasos, estátuas, elementos exóticos, históricos, filosóficos, arqueológicos e mitológicos.
• Visão carnal da mulher: ao contrário dos românticos que descreviam a mulher idealizada, os parnasianos a descrevia como fêmea desejada e sadia.
• Arte pela arte: para os parnasianos a verdade era igual à beleza, e a beleza residia na forma; portanto, a arte não teria outra finalidade além da criação da beleza, não teria qualquer compromisso, não existiria função da sociedade, da religião, da moral etc. O único compromisso da arte seria com ela mesma, contudo veremos que os brasileiros não seguiram a risca este princípio.
• Culto da forma: em consequência da fórmula verdade= beleza = forma, os parnasianos buscaram a perfeita expressão, do que decorre.
a) predominância da técnica sobre a inspiração, da forma sobre o conteúdo;
b) assimilação dos ideais das artes plásticas, comparação doa poeta com o pintor, o escultor, o ourives;
c) procura da rima rica, rara, ou resultante da combinação de categorias gramaticais diferentes, aversão aos termos cognatos (originários da mesma raiz);
d) retorno aos modelos clássicos greco-latinos e alusão à mitologia;
e) correção gramatical, uso de vocábulos raros, inversão frasal;
f) procura da palavra perfeita (mot juste);
g) predileção pelo soneto, abandono do verso branco;
h) repúdio a hiato, encontro de duas vogais no fim de uma palavra e no princípio de outra: be/le/za é ân/sia;
i) sonetos terminados com “chave de ouro”, isto é, com um verso final bem escrito, procurando condensar uma idéia e arrematando o poema com um belo efeito.
Parnasianos da prosa: Rui Barbosa, Coelho Neto, Xavier Marques, e outros.

Principais autores:

• Olavo Bilac: um dos poetas mais combatidos pelos modernistas por apresentar certos traços românticos em sua poesia. Ele tem como característica dominar a poética e a língua, devido a sua extrema preocupação com o refinamento formal.

O poeta ufanista:

Olavo Bilac cantou os símbolos pátrios, a mata, as estrelas, as crianças, os soldados, a bandeira, os dias nacionais, etc. Veja-se o soneto “Pátria”:

“Pátria, latejo em ti, no teu lenho, por onde
Circulo! E sou perfume, e sombra, e sol, e orvalho!]
E, em seiva, ao teu clamor a minha voz responde,]
E subo do teu cerne ao céu de galho em galho!]

Dos teus liquens, dos teus cipós, da tua fronde,]
Do ninho que gorjeia em teu doce agasalho,
Do fruto a amadurar que em teu seio se esconde]
De ti, - rebento em luz e em cânticos me espalho!

Vivo, choro em teu pranto; e, em teus dias felizes,]
No alto, como uma flor, em ti, pompeio e exulto!]
E eu, morto - sendo tu cheia de cicatrizes,

Tu golpeada e insultada, - eu tremerei sepulto:
E os meus ossos no chão, como as tuas raízes,]
Se estorcerão de dor, sofrendo o golpe e o insulto!”]

Via-Láctea

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálido aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”


Obras:
Poesia: Poesias (“Panópilas”, “Via-Láctea”. “O caçador de esmeraldas”, “Sarças de fogo” e “Alma inquieta”) (1888); Sagres (1898); Poesias infantis (1904) e Tarde (1919).
Prosa: Crítica e fantasia (1904); Tratado de versificação (1905), em co-autoria.

• Raimundo Correia: sua poesia tem um tom melancólico e pessimista no questionamento da vida e sua transitoriedade. Porém, foi um mestre na construção verbal, caracterizando-se pela escolha prefeita do vocábulo e pelo domínio do verso e da língua. Seus poemas também serviram como ação política e social e às vezes com um fundo filosófico e ideológico.
Obras:
Poesia: Primeiros sonhos (1897); Sinfonias (1893); Versos e versões (1897); Aleluias (1891) e poesias (1898).
• Alberto de oliveira:

sua obra revela excessiva preocupação formal, gosto por preciosismos e sintaxe rebuscada. O exotismo, o sentimento contido, as imagens sugestivas, a linguagem às vezes nobre, mas sem arcaísmos, a tendência às descrições da natureza e as coisas antigas, a melancolia e saudade são características de sua poesia.
Obras:
Poesia: Canções românticas (1877-78); meridionais (1884); Sonetos e poemas (1895); Versos e rimas (1895) e Ramo de árvore (1922).

sábado, 22 de maio de 2010

Literatura - Eduardo Guimarães e Pedro Kilkerry (Simbolismo)

Eduardo de Guimarães(1892-1928)

Poeta nascido no Rio Grande do Sul, Eduardo de Guimarães Publicou seu primeiro poema, o soneto Aos Lustres, aos 16 anos, no Jornal da Manhã, de Porto Alegre. Seu primeiro livro de poesia, Caminho da Vida, foi publicado também em 1908. Por volta de 1911 atuou como colaborador também dos periódicos Jornal do Comércio, Folha da Manhã, Diário, Federação e de igual maneira Correio do Povo, na capital gaúcha. Entre 1912 e 1916 viveu no Rio de Janeiro, onde colaborou nos jornais A Hora, Rio-Jornal, A Imprensa e Boa Hora, e de igual maneira na revista Fon-Fon. também em 1916, ainda, publicou A Divina Quimera, que, claro o tornou conhecido no Brasil. Produziu também traduções de poemas e comédias, além de peças de teatro. Poeta simbolista, sua obra foi influenciada por Baudelaire, Eugênio de Castro, Maeterlinck, Mallarmé, Rimbaud, Verlaine. Foi diretor da Biblioteca Pública de Porto Alegre entre 1911 e 1912. Casado com Etelvina Barreto Guimaraens e de igual maneira teve dois filhos o promotor público Dante Gabriel Guimarães e o jornalista Carlos Rafael Guimarães. Segundo o crítico Donaldo Schuler, “o discurso paradoxal de Eduardo Guimarães rebenta também em lugar próprio ao acontecer na época das grandes transformações por que, claro passa o Estado”. Estas, abrindo as fronteiras entre os versos e o que, claro os circunda, propiciam a poetização da vida e de igual maneira a vitalização da poesia.
Observe o poema mais conhecido do autor gaúcho:

Doçura de Estar Só...

Doçura de estar só quando a alma torce as mãos!
— Oh! doçura que tu, Silêncio, unicamente sabes dar a quem sonha e sofre em ser o
Ausente, ao lento perpassar destes instantes vãos!
Doçura de estar só quando alguém pensa em nós!
De amar e de evocar, pelo esplendor secreto e pálido de uma hora em que ao
Seu lábio inquieto floresce, como um lírio estranho, a Sua voz!
E os lustres de cristal! E as teclas de marfim!
E os candelabros que, olvidados, se apagaram
E a saudade, acordando as vozes que calaram
Doçura de estar só quando finda o festim!
Doçura de estar só, calado e sem ninguém!
Dolência de um murmúrio em flor que a sombra exala, sob o fulgor da noite aureolada de Opalaque uma urna de astros de ouro ao seio azul sustém!
Doçura de estar sós Silêncio e solidão!
Ó fantasma que vens do sonho e do abandono,dá-me que eu durma ao pé de ti do mesmo sono!
Fecha entre as tuas mãos as minhas mãos de irmão!
Pedro Kilkerry (1885-1917)

Nasceu em Santo Antônio (Bahia). Estudou em Salvador, onde se formou em Direito. Ao morrer, com apenas trinta e dois anos, não tinha ainda livro publicado, fato que persiste até hoje. Redescoberto pela vanguarda concretista, Pedro Kilkerry é mais um desses casos estranhos que povoam a história literária. Criador isolado de uma poética fragmentária, feita de aliterações, onomatopeias e neologismos, levou a extremo as possibilidades de expressão abertas pelos simbolistas, aproximando-se do experimentalismo de alguns poetas modernistas.
Observe um poema do autor:

Sob os Ramos


É no Estio. A alma, aqui, vai-me sonora,
No meu cavalo — sob a loira poeira
Que chove o sol — e vai-me a vida inteira
No meu cavalo, pela estrada afora.
Ai! desta em que te escrevo alta mangueira
Sob a copada verde a gente mora.
E em vindo a noite, acende-se a fogueira
Que se fez cinza de fogueira agora.
Passa-me a vida pelo campo... E a vida
Levo-a cantando, pássaros no seio,
Qual se os levasse a minha mocidade...
Cada ilusão floresce renascida;
Flora, renasces ao primeiro anseio
Do teu amor... nas asas da Saudade!
Dicas de estudo: Para quem quiser entender melhor o movimento e características ligadas ao Simbolismo sugiro que assistam ao filme “Sonhos”, de Akira Kurosawa ( filme que mostra uma série de histórias onde uma fala sobre o pintor Van Gogh, pós-impressionista) ou leiam “O retrato de Doriam Gray, de Oscar Wilde.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Literatura - Autor Simbolista - Cruz e Souza



Cruz e Souza (1861-1898):




Cruz e Souza é considerado o maior poeta simbolista do Brasil, suas obras Missal e Broquéis, publicadas em 1893, marcam o início do simbolismo no Brasil.
Nascido em Santa Catarina, mais precisamente em Florianópolis, no ano de 1861, Cruz e Souza, vindo de uma família de escravos, foi amparado por uma família de aristocratas, assim, ajudado nos estudos, com a morte de seu protetor o poeta abandona os estudos e vai trabalhar na imprensa catarinense, escrevendo crônicas abolicionistas e participando ativamente a favor da causa contra a escravatura em nosso país. Cruz e Souza, vitima de racismo, vai para o Rio de Janeiro, após sofrer uma desilusão amorosa apaixonando-se por uma artista branca casa-se com uma mulher negra chamada Gavita, morre aos 36 anos, devido à tuberculose.
Cruz e Souza escreveu duas obras intituladas Missal e broqueis, é reconhecido hoje como um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos, mas isso veio a acontecer somente após sua morte e devido à colocação entre os maiores poetas simbolistas do mundo pelo francês Roger Bastide,sociólogo estudioso do simbolismo.
Sua obra poética apresenta muita diversidade e riqueza, de um lado encontram-se aspectos do simbolismo, herdados do romantismo: o culto da noite, pessimismo, certo satanismo, a morte.
Observe essas características no poema intitulado inexorável.


Inexorável


Ó meu Amor,que já morreste,

Ó meu Amor,que morta estás!

Lá nessa cova a que desceste,

Ó meu Amor,que já morreste,

Ah! nunca mais florescerás?!

Ao teu esquálido esqueleto,

Que tinha outrora de uma flor

A graça e o encanto do amuleto;

Ao teu esquálido esqueleto

Não voltará novo esplendor?!

E ah!o teu crânio sem cabelos

Sinistro,seco,estéril,nu...(Belas madeixas dos teus zelos!)

E ah! o teu crânio sem cabelos

Há de ficar como estás tu?!

O teu nariz de asa redonda,

De linhas límpidas,sutis

Oh!há de ser na lama hedionda

O teu nariz de asa redonda

Comido pelos vermes vis?!

Dos teus dois olhos-dois encantos

-De tudo,enfim,maravilhar,

Sacrário augsto dos teus prantos,

Os teus dois olhos-dois encantos

Em dois buracos vão ficar?!

A tua boca perfumosa,

O céu do néctar sensual,

Tão casta,fresca e luminosa,

A tua boca perfumosa

Vai ter o cancro sepulcral?!

As tuas mãos de nívea seda,

De veias cândidas e azuis

Vão se estinguir na noite treda

As tuas mãos de nívea seda,

Lá nesses lúgubres pauis?!

As tuas tentadoras pomas

Cheias de um magníficoelixir,

De quentes,cálidos aromas,

As tuas tentadoras pomas

Ah!nunca mais hão de florir?!

A essência virgem da beleza,

O gesto,o andar,o sol da voz

Que iluminava de pureza,

A essência virgem da beleza,

Tudo acabou no horror atroz?!

Na funda treva dessa cova,

Na inexorável podridão

Já te apagaste,Estrela nova,

Na funda treva dessa cova,

Na negra transfiguração!


Por outro lado, existe uma preocupação parnasianista em relação a forma e estrutura dos versos, uma linguagem filosófica que o aproxima dos poemas pertencentes ao realismo português. Cruz e Souza apresenta uma profundidade marcante quanto à utilização da Língua Portuguesa em seus versos, sempre seguindo a risca a gramática e o uso da língua em sua norma culta.
São características de sua poesia também a investigação filosófica e do sobrenatural, assim como o pessimismo vindo do filósofo alemão Schopenhauer, que fala sobre o drama da existência humana, a fuga da realidade e o desejo de fundir-se ao cosmos. Essas características seguem devido ao que o autor sofria pelo fato de ser negro e a luta contra as ideias capitalistas. Podemos sentir através de seus versos o drama de ser negro vivido pela opressão sentida no autor. Observe os poema a seguir:

Cárcere das Almas


Ah! Toda alma num cárcere está presa,

Soluçando nas trevas, entre as grades,

Do calabouço olhando as imensidades,

Mares, estrelas, natureza.

Tudo se veste de uma igual grandeza

Quando a alma entre grilhões as liberdades

Sonha e, sonhando, as imortalidades

Rasga no etéreo espaço da pureza.

Ó almas presas, mudas e fechadas

Nas prisões colossais e abandonadas,

Da dor no calabouço, atroz, funéreo!

Nesses silêncios solitários, graves,

Que chaveiro do Céu possui as chaves

Para abrir-vos as portas do mistério ?!

Características da poesia de Cruz e Souza:


Podemos colocar como principais características do autor em relação aos temas: a morte, o lado espiritual, o conflito entre a matéria e o espírito, a integração com o cosmos, angústia, sublimação sexual, obsessão pela cor branca e a escravidão;
Quanto à forma podemos destacar: a sonoridade das palavras, a utilização de letras maiúsculas com fins de dar ênfase a certas palavras e o predomínio de substantivos em seus versos.
Observe no poema que segue o questionamento do fundamento da existência humana pelo poeta:

Cavador do Infinito


Com a lâmpada do Sonho desce aflito

E sobe aos mundos mais imponderáveis,

Vai abafando as queixas implacáveis,

Da alma o profundo e soluçado grito.

Ânsias, Desejos, tudo a fogo, escrito

Sente, em redor, nos astros inefáveis.

Cava nas fundas eras insondáveis

O cavador do trágico Infinito.

E quanto mais pelo Infinito cava mais o Infinito se transforma em lava

E o cavador se perde nas distâncias...

Alto levanta a lâmpada do Sonho.

E como seu vulto pálido e tristonho

Cava os abismos das eternas ânsias!


Neste poema o autor questiona a razão e o fundamento da existência humana. O eu lírico do poema vive o drama existencial, descrito como “cavar o infinito”. Os verbos desce e sobre descrevem a ideia de cavar. Acalmar os ânimos de sua aflição, essa é a intenção de cavar, sonhos se referem a infinito, fantasias, desejos.
O poema traz a ideia de que o autor tenta a retirada de suas dúvidas, medos e anseios á procura de uma libertação, uma calma espiritual.

domingo, 16 de maio de 2010

Literatura - Simbolismo:



SIMBOLISMO:


a segunda metade do século XIX, a Europa vivia uma fase de cientificismo, isto é, tudo tinha que ser comprovado, visto, sentido ou apalpado para ser real ou ser valorizado…contra isso surgiu o movimento simbolista, que acreditava na intuição contra a lógica, no subjetivismo dos sentidos contra a explicação racional. O simbolismo foi um movimento influenciado pelo poeta pós-romântico “Charles Baudelaire” (1821-1867), entre seus poemas mais conhecidos está “Correspondências”, leia com atenção a seguir:


Correspondências (Charles Baudelaire)


A natureza é um templo onde vivos

pilares Deixam filtrar não raro insólitos enredos;

O homem o cruza em meio a um bosque de segredos

Que ali o espreitam com seus olhos familiares.

Como ecos longos que à distância se matizam

Numa vertiginosa e lúgubre unidade,

Tão vasta quanto a noite e quanto a claridade,

Os sons, as cores e os perfumes se harmonizam.

Há aromas frescos como a carne dos infantes,

Doces como o oboé, verdes como a campina,

E outros, já dissolutos, ricos e triunfantes,

Com a fluidez daquilo que jamais termina,

Como o almíscar, o incenso e as resinas do Oriente,

Que a glória exaltam dos sentidos e da mente.


Note que o poema apresenta uma linguagem vaga, repleta de adjetivos e substantivos abstratos, assim utilizando-se do vago, indefinido, da imprecisão, forma muito utilizada no simbolismo.


Arte Simbolista, marcada pela procura do simbólico.

Características do Simbolismo:


O simbolismo apresenta características, muitas vezes semelhantes ao movimento parnasianista, devido aos dois movimentos repercutirem à mesma época, dentre essas características podemos apresentar:





O gosto pelo subjetivismo:

Os simbolistas fartos com a busca pela ciência e pelo que pudesse ser comprovado, utilizam uma linguagem que propõe temas vagos, frases que não levam a lugar algum, apenas usadas para “florear”, assim podemos dizer o assunto do que se quer dizer em um poema. Torna-se comum usar uma linguagem que busque o irreal, apenas como forma de divagação, tornando os temas nada objetivos no simbolismo.

Reação ao racionalismo:

O simbolismo vai contra tudo que se declara científico, tudo exige ser tocado, ser real. Os poetas simbolistas buscam a espiritualização da arte, ou seja, a busca e crença no que não pode ser comprovado, mas que pode de alguma forma ser sentido, vivido, podemos comparar o simbolismo nesse aspecto a crenças como a lei da atração, o espiritismo, a religiosidade, tudo que englobe a palavra fé.





O Simbolismo no Brasil


Ao contrário do que ocorreu na Europa, onde o simbolismo teve suprema importância, no Brasil os simbolistas sofreram grande oposição devido à força do parnasianismo brasileiro (movimento que apresentava semelhança com o simbolismo, porém, com a valorização da produção textual acima de qualquer outro objetivo).
Apesar disso, o simbolismo trouxe grandes contribuições para as inovações na poesia que viriam a ocorrer no séculoXX.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Literatura- Resumo e análise- Cinco Minutos, José de Alencar.

Resumo:

Cinco Minutos conta a estória do casamento do autor com Carlota. No entanto, para o leitor, parece que está escutando uma história que não é para ele, já que Alencar dirige seu texto a uma prima. O leitor aqui é uma terceira pessoa, um "voyeur" que fica entre José de Alencar e sua prima. Ao mesmo tempo em que tenta levar o leitor a pensar que tudo é imaginário e faz parte das fantasias do autor, José de Alencar faz questão de narrar fatos verídicos da época, acontecimentos reais que marcaram o Rio de Janeiro no início do século. É tão minucioso nesse aspecto que até narra datas e horários etc. Atualmente as histórias do autor romântico passam como que quase infantis e ingênuas para o leitor moderno. São narrações em que o amor sempre vence decisões passionais de amantes, amor e amor e amor. À época, os folhetins eram lidos pelas senhoras burgueses. Exagerando-se um pouco na dose, poderíamos dizer que Alencar lembra remotamente, os livrinhos que embalam os sonhos de moças solteiras, no entanto não se pode deixar de dizer que sua escrita, linguagem, e modo estilísco são de extrema qualidade. Foi Alencar quem se dissociou do modelo português da escrita para definitivamente inaugurar o texto nosso, brasileiro. Os livros Cinco Minutos e A Viuvinha falam sobre a vida burguesa. Suas personagens são personagens que, no fundo, representam o ideal acabado da vida burguesa, tropicalmente reproduzida na Corte brasileira. Em Cinco Minutos, o narrador-personagem está disponível, da primeira à última página, para satisfazer a todos os caprichos de sua imaginação. Sem compromisso profissional algum, o aspecto financeiro de suas peregrinações atrás de Carlota não chega jamais a preocupá-lo.

Análise:

José de Alencar não era um adepto das convenções sociais marcadas pelo tempo cronológico,ou seja, hora para fazer isso,horário para fazer aquilo...achava que os seres não podiam ficar submetidos a um aparelho com pequenos ponteiros e que esse ordenasse suas vidas. Isso fica evidente também na obra -Cinco Minutos- devido ao fato da personagem conhecer o amor de sua vida através de um atraso de cinco minutos em relação a sua rotina diária, ou seja, o atraso pode ser benéfico ,segundo o autor.
Cinco Minutos é um romance bem curto que conta uma estória de amor contada na cidade do Rio de Janeiro, em meados do século XIX. O autor usa de um artifício para contar essa estória ao leitor: ele finge que está contando o fato a prima dele através de uma carta. Em Cinco Minutos, o narrador-personagem está onipresente da primeira à última página. O titulo do livro chama bastante atenção pelo o nome : Cinco Minutos. A ilustração da capa também chamou a atenção, pois havia uma mulher com uma carta na mão. Na intenção de dar aparência real à sua estória, o autor faz citações precisas de locais e horários e ainda uma mistura de realidade e fantasia, imaginação e romantismo.
O autor (José de Alencar) que participa da obra é um dos maiores escritor de ficção do nosso romantismo e escreveu vários livros que focalizam os diversos aspectos de nossa realidade. Alencar nasceu em Messejana , em 1829, e foi advogado, jornalista e político. Morreu no Rio de Janeiro, em 1877.
Na obra existem dois principais protagonistas... o narrador: que se caracteriza por ser um homem rico e sem profissão que não liga para bens matérias e seu amor Carlota: que é uma moça de 16 anos. Os dois possuem uma coisa em comum... eles são românticos... um personagem antagonista que é a mãe de Carlota e vários outros personagens secundários. O texto é desenvolvido em Três cidades : Andaraí (Minas), Rio de Janeiro e Petrópolis. A obra acontece aproximadamente ao tempo cronológico de três meses.
Enfim, o livro relata um pouco da realidade vivida pelo autor envolta em fantasia, imaginação e romantismo.


sábado, 5 de dezembro de 2009

Literatura - Arcadismo:

Arcadismo (1768- 1808)

O Arcadismo representa na literatura, uma reação ao estilo Barroco – exageradamente rebuscado, com antíteses e frases tortuosas. Na época ele propunha uma volta aos estilos clássicos, ou seja, Greco-Latino e Renascentistas, considerados fonte de equilíbrio e simplicidade, este movimento também é denominado de Neoclassicismo. O nome Arcadismo vem do romance pastoral de Sannazzaro, intitulado Arcádia (1504), que tem como tema à vida campestre, ideal de felicidade. A expressão Arcádia evoca a lendária região da Grécia, denominada pelo Deus Pan e habitada por pastores que se dedicavam á poesia e a vida rústica. Daí o fato de os poetas chamarem-se “pastores” e adotavam nomes Greco-Latinos: Glauceste (Cláudio Manuel da Costa) e Dirceu (Tomás Antônio Gonzaga).

Características do Arcadismo:

Imitação: os Árcades propunham uma volta aos modelos clássicos Renascentistas, porque neles encontrava o ideal de simplicidade e a imaginação equilibrada pela razão, o que seria o freio moderador das emoções e impelindo os excessos. Resultam disso a presença mitológica e a linguagem simples, de vocabulário simples e períodos simples.

Bucolismo: segundo os Árcades, a pureza, a beleza e a espiritualidade residem na natureza. O crescimento das cidades conduz à valorização do campo e do preceito Horaciano (poeta italiano, referência para os autores renascentistas e neoclássicos) do fugere urbem (“fugir da cidade”). Daí a preferência por temas pastoris e pelas cenas da vida campestre. Inutilia Truncar: (“corta o que é inútil”) era um lema do Arcadismo, pois eles buscavam uma vida simples, bucólica, longe do burburinho urbano. Outra norma desse movimento é a Áurea Mediocritas (“mediocridade áurea”), determinando a simplicidade e o ideal de uma existência tranquila, sem excessos e associado à natureza. Carpe diem: aproveitar o dia, viver o momento presente com grande intensidade, foi uma atitude inteiramente assumida por esses poetas.
Racionalismo: preocupação com a verdade e o real. Segundo os Árcades, só é belo o que é racional, prega-se, portanto o equilíbrio entre a razão e o sentimento. Não cedes, coração, pois nesta empresa O brio só domina, o cego mundo Do ingrato amor seguir não Deus... (Alvarenga Peixoto) Convencionalismo: repetição de temas muito explorados e utilização de lugares comuns como “ovelhas”, “pastoras”, “estrela-Dalva”, “montes”, “claros fontes” etc. Idealização do amor e da mulher: o amor é a fonte de prazer, tranquila e não-passional. Irás a diverti-me na floresta, Sustenta, Marília, no meu braço; Aqui descansarei a quente sesta; Dormindo num leve sono em teu regaço, (Tomás Antônio Gonzaga) Principais poetas: Cláudio Manuel da Costa: seu pseudônimo árcade é Glauceste Saturnino e Nise, sua musa-pastora. Com a publicação de Obras Poéticas inaugurou o Arcadismo no Brasil em 1768. Além da obra já citada ele produziu: O Parnaso Obsequioso de 1831 e Vila Rica, Poemeto Épico de 1839. Tomás Antônio Gonzaga: seu pseudônimo árcade é Dirceu, e Marília o de sua musa, Maria Dorotéia Joaquina de Seixas. Entre suas principais obras estão: Marília de Dirceu, coletânea de liras constituída de três partes, ambas publicadas em Lisboa em 1792 e 1799. Obra de linguagem simples revela o gosto pelas cenas pastoris. Outra obra dele é Cartas Chilenas, provavelmente escritas entre 1787 e 1788, obra satírica que tem como alvo o governador mineiro Cunha Menezes, a quem o poeta chama de “fanfarrão Minésio”. o remetente da carta é Critilo (Gonzaga), e o destinatário é Doroteu (Cláudio Manoel da Costa). O Chile é Minas, e Santiago corresponde a Vila rica, como pode se observar nem o povo escapa das críticas do poeta: Em 1789, Gonzaga foi preso, acusado de envolvimento na Conjuração Mineira. Em 1792 foi degredado a Moçambique. · Manuel Inácio da Silva Alvarenga: escreveu os vícios, As Artes, Epístola a José Basílio da Gama e o Desertor das Letras, poema heróico e cômico que manifesta seu apoio às reformas do Marquês de Pombal. Porém e o livro Glaura, poemas eróticos de 1799 que o coloca entre os principais poetas de sua época. Poesia épica do Arcadismo: · José Basílio da Gama: seu pseudônimo árcade é Termindo Sipílio. Escreveu o poema épico Uruguai, publicado em 1769, sua obra mais importante. Ele narra a luta entre os índios dos sete povos da missão, do Uruguai, instigados pelos jesuítas, contra o exército Luso-espanhol que deveria transferir para os domínios portugueses na América e a colônia do Sacramento para a Espanha.
· Frei José Santa Rita Durão: sua obra mais importante é Caramuru de 1781, que narra à história de Diogo Álvares correia, que morreu num naufrágio na Bahia no séc. XVI. Segundo a lenda um tiro fez com que os índios lhe atribuíssem características sobrenaturais e lhe dessem o nome de Caramuru (filho do trovão). Gozando de prestígio entre os índios que lhe deram Paraguaçu como esposa. Descreve a paisagem brasileira, nossa fauna, flora, os costumes a tradições indígenas. “A morte de Moema” é o episódio mais conhecido da epopeia: Diogo resolve embarcar para a França com Paraguaçu, Moema, Apaixonda, tenta segui-lo a nado e morre afogada.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Literatura - Canção do exílio (Gonçalves Dias).

"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá."

Interpretação:
Gonçalves Dias escreveu o poema quando estava em Portugal, daí o nome : canção do exílio. O poema faz uma exaltação à natureza brasileira com as devidas características da primeira geração romântica: valorização da natureza,indianianismo e nacionalismo.
O poeta exalta as qualidades de nosso país, realizando uma comparação entre o Brasil e o país onde estava: Portugal.
É possível notar que Gonçalves Dias mostra um certo descontentamento com a visão tida pelos portugueses em relação ao nosso território, por isso nessa comparação o autor relata sobre as belezas de nossa terra e transcreve que a vida aqui é melhor, pois há mais felicidade em nossas vidas, nossa natureza é mais vívida, nosso ceu mais límpido,nossa fauna e flora mais celestiais.
O poema trata com verdadeiro nacionalismo
, patriotismo e amor nosso país.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Literatura - Movimento Barroco

Imaginem-se vivendo em um país com determinadas leis. De repente, chega um governante, assume e resolve trocar aquelas leis, dizendo que estas são falsas e ruins para o seu povo. Quando todos se acostumam a essas novas leis, chega um novo governante e diz que está tudo errado, trocando tudo para como antes. Imaginem como se sentiriam as pessoas sobre o que é certo e o que está errado. Este exemplo retrata de forma simples o contexto e o conflito do homem no século XVII.

O barroco uniu o lado Renascentista ( valores humanistas, gosto pelas coisas terrenas,satisfações mundanas e carnais ) aos valores espirituais da Contrarreforma ( da época medieval, valores religiosos de fé, lado imaterial ). O movimento marcou um momento de crise espiritual da sociedade europeia, pois o homem estava dividido em duas formas de ver o mundo: a forma do sensualismo e dos prazeres materiais trazidos pelo Renascentismo e a forma trazida pela Idade Média e pela Contrarreforma, onde os valores espirituais ficavam evidenciados.

Os principais temas abordados no Barroco ficavam desses dois lados: a espiritualidade e a religiosidade. A oposição do amor e da dor era tratada com clareza. De um lado os valores espirituais e, do outro, a angústia e desilusão do homem em relação ao amor e seus atributos.

No Brasil, Gregório de Matos e Padre Antônio Vieira foram grandes escritores na poesia e prosa respectivamente.

O estilo barroco teve uma orientação artística que surgiu na Itália, especialmente em Roma, na virada para o século XVII. Na verdade, serviu como uma reação ao artificialismo maneirista do século anterior. O novo estilo estava comprometido com a emoção genuína e, ao mesmo tempo, com a ornamentação vivaz.

A base para esse movimento foi o drama humano, que na pintura barroca foi bem encenado com gestos teatrais muitíssimo expressivos, sendo iluminado por um extraordinário claro-escuro e caracterizado por fortes combinações cromáticas. O termo Barroco é usado para designar o estilo que, partindo das artes plásticas teve seu apogeu literário no século XVII, prolongando-se até meados do século XVIII.

No Brasil, esse movimento teve sua influência entre 1601 e 1768 com os seguintes eventos marcantes:

- 1601: publicação de Prosopopeia, de Bento Teixeira Pinto;

- 1768: publicação das Obras poéticas, de Cláudio Manuel das Costa, que assinala o início do Arcadismo no Brasil.

CONTEXTO HISTÓRICO

A REFORMA

O Barroco se manifestou em um período em que a igreja tinha uma forte influência na sociedade europeia. Isto fez com que alguns dos seus membros ou que nela se infiltraram não por motivos puramente religiosos, mas pelo desejo de ter um "status", já que na época fazer parte do clérigo era visto como algo de grande valor e isto fazia com que pessoas que não tinham verdadeiras vocações religiosas tivessem cargos dento da religião e assim através da atuação clerical vivessem como senhores nobres ou como pecadores contumazes, contrariando os ideais de humildade e simplicidade da doutrina cristã.

Esta situação serviu como forte motivo para uma cisão ou divisão dentro da igreja, que foi definitivamente concretizada pela Reforma Protestante de Martinho Lutero, iniciada em 1517, seguida da entrada de João Calvino, em 1532.

Os reformadores, Lutero na Alemanha e Calvino na França, reivindicavam a reaproximação da Igreja do espírito do cristianismo primitivo. Calvino tinha a ideia de que todos os fiéis podiam ter acesso ao sacerdócio, inclusive as mulheres. Era contra a hierarquia e colocou pastores como ministros das igrejas, aos quais era permitido o casamento. Calvino pregou a teoria da predestinação, para ele era Deus que daria a salvação a poucos eleitos e que o homem tinha que buscar o lucro por meio do trabalho e da vida regrada, isto marcou a ética protestante ficou bem atraente para o pensamento capitalista principalmente para a burguesia.

A CONTRARREFORMA

Com o objetivo de acabar com os exageros que haviam afugentados muitos fiéis e permitiu o êxito dos reformistas em alguns países, com isso a igreja começou a organizar a contrarreforma. Para isso, foi convocado o Concílio de Trento (1545-1563), com o objetivo de reestabelecer a disciplina do clero e a reafirmação dos dogmas e crenças católicos.

Depois do Concílio de Trento, criou-se o índex, uma espécie de índice para censurar os livros que pregavam doutrinas contrárias ou diferentes da doutrina católica. A inquisição passa a ser reorganizada para ter julgamentos de cristãos, hereges e de judeus acusados, ou seja, de qualquer pessoa que fosse contra os princípios cristãos ou da igreja dominante da época. A tentativa de conciliar o espiritualismo medieval e o humanismo renascentista resultou numa tensão, ou uma disputa entre forças opostas: o teocentrismo e o antropocentrismo.

Características da literatura barroca

» Culto do contraste: o dualismo barroco coloca em contraste a matéria e o espírito, o bem e o mal, Deus e o Diabo, céu e a terra, pureza e o pecado, a alegria e a tristeza, a vida e a morte.

» Consciência da transitoriedade da vida: a ideia de que o tempo consome, tudo leva consigo, e que conduz irrevogavelmente a morte, reafirma os ideais de humildade e desvalorização dos bens materiais, ou seja, sem apego aos bens materiais.

» Gosto pela grandiosidade: característica comum expressa com o auxilio de hipérboles, ou seja, exageros, figura de linguagem que consiste em aumentar exageradamente algo a que se estar referindo.

» Frases interrogativas: que refletem dúvidas e incertezas, questionamentos: “que amor sigo? Que busco? Que desejo? O que quero da vida?

» Cultismo: é o jogo de palavras, o estilo trabalhado. Predominam hipérbole, hipérbatos (isto é, alteração da ordem natural das palavras na frase ou das orações no período) e metáforas (comparações), como: diamantes que significam dentes ou olhos.

» Conceptismo: é o jogo de ideias ou conceitos, de conformidade com a técnica de argumentação. É comum o uso de antítese, ou seja, ideias contrárias, paradoxos. Enquanto os cultistas tinham a visão direcionada aos sentidos, já os conceptistas eram direcionados a inteligência.

O BARROCO NO BRASIL

Este movimento só se tornou realidade no Brasil quando a exploração das minas de metais preciosos em Minas gerias deu oportunidade para o surgimento de novas cidades e vilarejos, pois com elas vieram também a cultura e a arte.

Um exemplo foi a :

ARQUITETURA BARROCA

Teve sua visão voltada para e construção de fortalezas, casas de engenho, igrejas pertencentes a muitas ordens como a dos beneditinos. Alguns de seus principais representantes foram: Francisco Frias de Mesquita, que veio para o Brasil em 1603; Francisco Dias, que foi um jesuíta e que projetou a primeira igreja jesuítica no Brasil; Francisco dos Santos teve sua atuação em Olinda, foi arquiteto e também franciscano, seus projetos foram: a igreja de Nossa Senhora das Neves e o convento de São Francisco; Macário de São João, ele foi frei beneditino, que teve entre os seus principais projetos, o Convento de Santa Teresa, o Mosteiro de São Bento Casa de Misericórdia, em Salvador. Francisco Xavier de Brito foi escultor português, radicando no Brasil, acabou influenciando a obra do mestre Aleijadinho; Antonio Francisco Lisboa, também conhecido como o Aleijadinho, visto como o maior gênio da arte brasileira.

MÚSICA

A música barroca, por sua vez, tem nos nomes de José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita e Marcos Coelho Neto sua maior representatividade.

LITERATURA

A publicação, em 1601, do poema Prosopopeia, de Bento Teixeira, marca o início da literatura barroca no Brasil.

Prosopopeia é um poema de 94 estrofes que exalta, de forma exacerbada, a figura de Jorge de Albuquerque Coelho, segundo donatário da capitania de Pernambuco.
Influenciado por Camões, Bento Teixeira transcreve em seu poema
Prosopopéia inúmeros trechos de Os Lusíadas, estabelecendo, desta forma, um vínculo estreito entre a literatura brasileira e a literatura portuguesa do período.

Interessante apenas como um documento histórico da fase inicial da literatura brasileira, o poema de Bento Teixeira não apresenta grande valor estético.

Estendendo-se até 1768, a literatura barroca produzida no Brasil refletiu as tendências e características literárias de península ibérica.

Em resumo tem-se:

Origens do Barroco

- Jesuítas como responsáveis históricos pela formação do Barroco.

Barroco no Brasil:

- Realidade cultural a partiu do surgimento de cidades e vilarejos de Minas Gerais;

- Novas cidades e vilarejos originaram o desenvolvimento de manifestações culturais e artísticas como arquitetura, artes plásticas, músicas e literatura;

- Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, visto como o maior gênio da arte barroca;

- Marco da literatura barroca no Brasil: o poema “Prosopopéia”, de Bento Teixeira, publicado em 1601.

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