Machado de Assis,
nosso grande escritor, ultrapassou tanto as barreiras sociais bem como físicas.
Machado teve uma infância sofrida pela pobreza e ainda era míope, gago e sofria
de epilepsia. Enquanto escrevia Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado foi acometido
por uma de suas piores crises intestinais, com complicações para sua frágil
visão. Os médicos recomendaram três meses de descanso em Petrópolis. Sem poder
ler nem redigir, ditou grande parte do romance para a esposa, Carolina.
Euclides da Cunha,
Superintendente de Obras Públicas de São Paulo, foi engenheiro responsável pela
construção de uma ponte em São José do Rio Pardo (SP). A obra demorou três anos
para ficar pronta e, alguns meses depois de inaugurada, a ponte simplesmente
ruiu. Ele não se deu por vencido e a reconstruiu. Mas, por via das dúvidas,
abandonou a carreira de engenheiro.
Gilberto Freyre
nunca manuseou aparelhos eletrônicos. Não sabia ligar sequer uma televisão.
Todas as obras foram escritas a bico-de-pena, como o mais extenso de seus
livros, Ordem e Progresso, de 703 páginas.
Graciliano Ramos
era ateu convicto, mas tinha uma Bíblia na cabeceira só para apreciar os
ensinamentos e os elementos de retórica. Por insistência da sogra, casou na
igreja com Maria Augusta, católica fervorosa, mas exigiu que a cerimônia
ficasse restrita aos pais do casal. No segundo casamento, com Heloísa, evitou
transtornos: casou logo no religioso.
Aluísio de Azevedo
tinha o hábito de, antes de escrever seus romances, desenhar e pintar, sobre
papelão, as personagens principais mantendo-as em sua mesa de trabalho,
enquanto escrevia.
José Lins do Rego
era fanático por futebol. Foi diretor do Flamengo, do Rio, e chegou a chefiar a
delegação brasileira no Campeonato Sul-Americano, em 1953.
Aos dezessete anos, Carlos
Drummond de Andrade foi expulso do Colégio Anchieta, em Nova Friburgo (RJ),
depois de um desentendimento com o professor de português. Imitava com
perfeição a assinatura dos outros. Falsificou a do chefe durante anos para lhe
poupar trabalho. Ninguém notou. Tinha a mania de picotar papel e tecidos.
"Se não fizer isso, saio matando gente pela rua". Estraçalhou uma
camisa nova em folha do neto. "Experimentei, ficou apertada, achei que
tinha comprado o número errado. Mas não se impressione, amanhã lhe dou outra
igualzinha."
Numa das viagens a Portugal, Cecília Meireles marcou um encontro com o poeta Fernando Pessoa no
café A Brasileira, em Lisboa. Sentou-se ao meio-dia e esperou em vão até as
duas horas da tarde. Decepcionada, voltou para o hotel, onde recebeu um livro
autografado pelo autor lusitano. Junto com o exemplar, a explicação para o
"furo": Fernando Pessoa tinha lido seu horóscopo pela manhã e
concluído que não era um bom dia para o encontro.
Érico Veríssimo
era quase tão taciturno quanto o filho Luís Fernando, também escritor. Numa
viagem de trem a Cruz Alta, Érico fez uma pergunta que o filho respondeu quatro
horas depois, quando chegavam à estação final.
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