quarta-feira, 25 de abril de 2012

Ortografias interessantes:

Algumas palavras geram dúvidas quanto à escrita. Sempre é bom ficarmos atentos:

Cáqui ou caqui?
Cáqui é a cor, enquanto caqui nomeia a fruta.

Catorze ou quatorze?
As duas formas estão corretas.

Circuito ou circuíto?
O correto é a pronúncia com ditongo (ui): circuito.

Gratuito ou gratuíto?
O mesmo ocorre, ditongo (ui). O correto é gratuito, sem o ênfase no I.

Percentagem ou porcentagem?
As duas formas estão corretas: a primeira vem do latim (per centum), enquanto porcentagem vem de Portugal
(por cento).

Purê ou pirê?
O correto é purê.

Umidecido ou umedecido?
A forma adjetiva é úmido, mas umedecer é verbo, assim o adjetivo é umedecido.

Maquiagem ou maquilagem?
As duas formas estão corretas.

Listra ou lista?
Quando define faixa ou risca podemos utilizar as duas maneiras, mas quando quer dizer listagem apenas lista.

Bêbedo ou bêbado?
A origem é o verbo BEBER, então bêbedo está certo, mas bêbado também está correto.

Estória ou História?
Estória só pode ser utilizado para contos populares ou ficção, já história é usado em realidade , na dúvida use sempre história.

Kiwi ou quiuí?
A forma correta é quiuí, mas vemos por aí em muitas regiões Kiwi.


sábado, 21 de abril de 2012

Acordo Ortográfico: pertinente ou não?

Frequentemente lemos e ouvimos que o acordo ortográfico unifica a Língua Portuguesa, mas isso não é bem verdade,  afinal de contas, isso é necessário?
Podemos alegar que não há necessidade de tal unificação, pois os britânicos escrevem "analyse", enquanto os norte-americanos usam "analyze". Americanos e ingleses nem cogitam a possibilidade de uma unificação, pois prezam a liberdade de seu idioma. O acordo não unifica a língua, pois a Língua Portuguesa é muito mais que apenas grafia, existe o lexo, aspectos fonéticos, gramaticais, entre outros. Assim, esse termo não unifica de forma alguma nossa Língua. Como diz Desidério Murcho "o acordo ortográfico não unifica sequer a ortografia. Continuar-se-á a escrever “fato” no Brasil e “facto” em Portugal; “género”, “António” e “génio” em Portugal e “gênero”, “Antônio” e “gênio” no Brasil." 
Tornaremos o povo , em grande parte, "analfabetos por desatualização",  já que todos têm que reaprender a escrever várias palavras, quanto mais modificamos a Língua,  mais difícil fica o povo ter o devido conhecimento sobre ela.

"O acordo ortográfico não tem qualquer vantagem para os brasileiros, os angolanos, os moçambicanos, os cabo-verdianos, os guineenses ou os portugueses. E tem desvantagens óbvias. Quem ganha com o acordo e o que se ganha com ele? Esta é a questão importante. E só vejo duas respostas.
Primeiro, ganham os intelectuais que fizeram o acordo, que ficam assim na história. Triste maneira de ficar na história, diga-se de passagem: como autores de listas de palavras. Enfim.
Segundo, ganha talvez o Brasil, porque usa o acordo como uma maneira de tentar cativar os mercados africanos, para se abrirem mais às exportações do Brasil e menos às da China. Contudo, não é o acordo em si que facilita tais exportações: é apenas um sinal de aproximação do governo brasileiro que poderá fazer os governos africanos abrir-lhes mais as fronteiras."
Desidério Murcho aponta inúmeras razões de descontentamento para com o acordo, em minha opinião muitas são pertinentes, afora estas, acho que a mudança é positiva, pois com uma igual grafia, acordos comerciais, livros e uma grande aproximação entre os países da Língua Portuguesa é possível, qual a sua opinião?

domingo, 15 de abril de 2012

Língua - Processos de formação de palavras:


Formação das palavras

                Antes de estudarmos a formação das palavras, devemos nos lembrar que há, em português:

                Palavras primitivas - são aquelas que dão origem a outras.
                Palavras derivadas - são aquelas que têm sua origem em outras palavras.
                Palavras simples - são aquelas que têm um só radical.
                Palavras compostas - têm mais de um radical, provêm da união de duas ou mais outras palavras.

Processos de formação de palavras


                a) Composição - ocorre quando juntamos dois ou mais radicais para formar uma nova palavra e pode ser dividida em dois tipos:

                Justaposição - não existe alteração na pronúncia das palavras, como se apenas as encostássemos.

                Ex.: beija-flor

                Aglutinação - ocorre alteração na pronúncia ao juntarmos os radicais.

                Ex.: vinagre (vinho + agre)

                b) Derivação - a nova palavra é formada pelo acréscimo de prefixo ou sufixo, ou de ambos a ela.

                Prefixal - acontece com o acréscimo de um prefixo ao radical.
                Ex.: In - feliz

                Sufixal - acontece com o acréscimo de um sufixo ao radical.
                Ex.: feliz - mente

                Parassintética - acontece com o acréscimo de prefixo e sufixo ao mesmo tempo e ocorrem freqüentemente em verbos. Uma condição básica para que haja uma derivação por parassíntese é que a palavra não tenha sentido sem o prefixo ou sufixo que foram anexados.
                Ex.: EN - triste - cer


                c) Hibridismo - forma-se a nova palavra com elementos procedentes de outros idiomas.

                Ex.: automóvel (auto: grego; móvel: latim)

                d) Onomatopéia - palavra que reproduz sons ou ruídos, normalmente são formadas por repetição de sons.

                Ex.: zunzum, tique-taque, pingue-pongue

                e) Abreviação - redução da palavra até o limite que permita a compreensão. As siglas são consideradas abreviações.
                Ex.: moto (motocicleta) - LBV (Legião da Boa Vontade)


sexta-feira, 6 de abril de 2012

Literatura - Modernismo -Segunda parte.

Modernismo no Brasil

No Brasil o movimento modernista teve duas fases: a primeira fase foi entre o período de 1922 a 1930 e a segunda fase perdurou de 1930 até o ano de 1945.


Modernismo ( primeira fase)

A primeira fase do modernismo teve como característica a afirmação das ideias renovadoras, assim como a divulgação dessas ideias ligadas à inovação cultura.


Características

Apesar da grande diversidade de ideias propostas no modernismo, podemos apontar como uma de suas principais características a defesa de uma reconstrução cultural no Brasil. Os principais escritores, de modo geral, defendiam uma inovação e remodelação cultural em nosso país baseada na nacionalidade, isto é, em moldes nacionalistas e voltada para o sentimento de não-colônia, aonde o Brasil era apresentado como um território de grande valor, porém, as injustiças sociais eram apontadas e criticadas com veemência.
O período foi chamado de orgia intelectual por Mário de Andrade, pois foi uma época aonde as ideias afloravam em novos moldes artísticos, a livre expressão artística ganha sobre o conservadorismo anterior propiciando aos autores uma maior diversidade em relação a criatividade na composição de uma obra. Nesse período podemos destacar quatro obras que foram marcantes na primeira fase do modernismo, são elas: Pau-Brasil, Verde-Amarelismo, Antropofagia e Escola da Anta.

Pau-Brasil: Em 1924, Oswald de Andrade publicou o manifesto da poesia Pau-Brasil. O manifesto repudiava a visão dos brasileiros sobre o Brasil, isto é, para Oswald nos víamos pela visão dos europeus e não por um olhar próprio. A poesia deu início ao movimento Pau-Brasil, que tinha uma visão valorizadora do Brasil, nacionalista.

Verde-Amarelismo: Em reação as ideias do movimento Pau –Brasil surge esse movimento ultranacionalista, trazendo a ideia de que o manifesto de Oswald era afrancesado e não nacionalista. Esse movimento trazia características nazi-fascistas, pois era radicalmente nacionalista. Em 1927 , utilizando como símbolo a anta e o índio tupi o movimento passa a se chamar Escola da Anta.

Antropofagia: O movimento da antropofagia surgiu como revide ao xenofobismo apresentado no Verde-amarelismo. O movimento propunha uma devoração da cultura estrangeira, mas sem preconceitos, a real intenção era de uma mescla cultura entre a cultura estrangeira aos padrões brasileiros.

Principais escritores


Oswald de Andrade( 1890-1954):

Oswald de Andrade nasceu em São Paulo, em 11 de Janeiro de 1890. Estudante de direito lançou-se em carreira jornalística publicando a revista semanal O pirralho.
Sua obra é ponto factual de corte com as estruturas do passado na literatura. De família rica, Oswald era um homem viajado, conhecedor da Europa e das ideias culturais do velho mundo.
Andrade apresentava como característica o uso da ironia e do deboche, seu nacionalismo não era ufanista, havia uma crítica sobre a visão do brasileiro sobre o Brasil. Oswald defendia a valorização de nossas origens e do nosso passado cultural e histórico, utilizava-se das cores de nosso país, ironizando a colonização de forma crítica e captava a natureza brasileira. Observe o poema bucólica:

BUCÓLICA

Agora vamos correr o pomar antigo
Bicos aéreos de patos selvagens
Tetas verdes entre folhas
E uma passarinhada nos vaia
Num tamarinho
Que decola para o anil
Árvores sentadas
Quitandas vivas de laranjas maduras
Vespas


O poeta também buscava uma ruptura da linguagem em norma culta, lutando por uma linguagem brasileira, com erros próprios em sua gramática, vistos por ele como uma identidade nacional, como expressa no poema abaixo:

Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.

Toda a obra poética de Oswald de Andrade pode ser encontrada hoje em um único volume, intitulado de poesias reunidas.



Mário de Andrade ( 1893-1945):


Mário de Andrade nasceu em São Paulo, cidade que retratou em sua obra. Foi estudante de música no conservatório musical de São Paulo, foi crítico de arte e aos vinte anos publicou seu primeiro livro Há uma gota de sangue em cada poema. No livro o autor criticava as atrocidades da primeira guerra mundial e fazia campanha pela paz. Sua estrutura inovadora não agradava aos poetas parnasianos.
Mário era pianista e compositor, nunca saiu do Brasil, mas fez viagens por muitos estados nacionais, tornando-se conhecedor de nossa terra. Andrade misturava vários aspectos da cultura brasileira em suas obras, retratava a cidade de São Paulo também, como veremos no poema Inspiração:

Inspiração
São Paulo! comoção de minha vida ...
Os meus amores são flores feitas de original ...
Arlequinal! ... Traje de losangos .... Cinza e ouro ....
Luz e bruma ... Forno e inverno morno ....
Elegâncias sutis sem escândalos , sem ciúmes ...
Perfumes de Paris ... Aryz !
Bofetadas líricas no Trianon ... Algodoal !...
São Paulo comoção de minha vida !
Galicismo a berrar nos desertos da América !
(Mário de Andrade, 1921).

Poesia Moderna:


A poesia moderna é uma ruptura de qualquer estrutura pré-concebida anteriormente, ou seja, rima, métrica e todos os conceitos conservadores não são importantes para os adeptos da poesia moderna, que para muitos nem pode ser chamada de poesia.
Hoje, a poesia moderna, reconhecida como tal, é respeitada e apreciada. A poesia bem feita, o verso bem engendrado tem a mesma finalidade da poesia antiga: revelar sentimentos, paixões, revoltas, tristezas, desenlaces, etc.No século XX a poeisa moderna ganhou espaço, grandes poetas brasileiros como: Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes, Cecília Meireles e Manuel Bandeira são considerados mestres nessa arte.

Vinicius de Moraes



Nasceu no Rio de Janeiro em uma família amante das letras e da música, e seguiu as duas vocações. Nos anos 30 formou-se em Direito e fez letra para dez músicas que foram gravadas, nove delas parcerias com os irmãos Tapajós. Em 1933 publicou seu primeiro livro de poemas, "O Caminho para a Distância". Amigo de Oswald de Andrade, Manuel Bandeira e Mário de Andrade, publicou outros livros de poemas nessa década. Passou algum tempo estudando inglês na Universidade de Oxford e, de volta ao Brasil em 1941, foi crítico cinematográfico do jornal "A Manhã". Dois anos depois foi aprovado para o Itamaraty e seguiu a carreira diplomática. Como diplomata morou nos Estados Unidos, França, Uruguai.

Soneto de Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


Mario Quintana(1906-1994)

Natural de Alegrete, RS. É o poeta das coisas simples. Despreocupado em relação à crítica, faz poesia porque "sente necessidade", segundo suas próprias palavras. Em sua poesia há um constante travo de pessimismo e muito de ternura por um mundo que, parece - lhe é adverso.
BILHETE
Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...

Modernismo (Segunda Fase) O Romance de 30:
A segunda fase do modernismo foi marcada pela aproximação da cultura com o lado do Brasil menos conhecido, o meio de comunicação de massa na época era o rádio, que encurtava distâncias entre os pontos mais distantes de nosso país.
Autores como Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Érico Veríssimo e Jorge Amado despontam apresentando um Brasil vasto em sua cultura regional, porém dilacerado e recheado de injustiças sociais reveladas nas obras, como a luta dos trabalhadores rurais, a miséria, a ignorância e a força da natureza sobre o homem ( sertão). Os autores da segunda fase do modernismo seguem o nacionalismo da primeira fase, porém agora apresentando um engajamento social e uma intenção de denúncia e análise sociológica dos problemas vividos pelos brasileiros.
Alguma das principais características dessa fase é a preocupação dos autores em mostrar os problemas do sertão e das áreas mais rurais de nosso país. A vida meio à seca nordestina é mostrada, os problemas enfrentados pelos imigrantes, assim como as classes operárias em sua dura luta por direitos melhores e condições de trabalho.
Principais Autores:
Jorge Amado(1912-2001)
Baiano, nascido em Pirangi, Jorge Amado foi um escritor comprometido com os aspectos sociais de nossa gente, de ideais socialistas, chegou a ser preso em 1936 e solto em 1937, mantendo residência na Argentina após ser solto. Voltou ao Brasil em 1945, sendo eleito deputado federal, mas tendo seu mandato cassado em seguida. Após o acontecimento Jorge Amado partiu para a Europa onde viveu por vários anos tornando-se um escritor conhecido mundialmente.

As maiores características da literatura de Jorge Amado foram de cunho social. O autor escrevia sobre as condições de miséria vivida em áreas regionais do país, mostrando as condições das classes mais pobres, crianças abandonadas, delinquência, desagrego racial, cangaço e lutas em áreas rurais.

Érico Veríssimo(1905-1975)
Gaúcho de Cruz Alta, Érico Veríssimo nunca cursou uma universidade, mesmo assim iniciou-se no jornalismo em 1930 e tornou-se professor de Literatura nos Estados Unidos.
Sua obra mais conhecida foi O tempo e o Vento, dividida em três partes o livro narra acontecimentos meio a revolução farroupilha, trazendo a temática sobre a vida regional gauchesca. Na obra a cultura do gaúcho, assim como suas tradições são mostradas. Veríssimo até hoje ainda não foi estudado em sua obra de maneira mais profunda pelos estudiosos, porém, é conceituado como um grande romancista.

Utilizava uma linguagem pitoresca do gaúcho regionalista em suas obras, tornando-se um divulgador do folclore e cultura gaúcha
para o Brasil e o mundo.

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